Introdução: A morbidade associada às operações de excisão total do mesorreto é significativamente elevada a despeito da via de acesso usada. Ainda que associada a segurança oncológica, a excisão total do mesorreto por videolaparoscopia (ETM lap) não se acompanhou de significativa redução na mortalidade. Variáveis associadas ao cirurgião, ao tumor e ao tratamento parecem envolvidas na origem da morbidade após cirurgia. O presente estudo objetiva identificar variáveis clinicopatológicas associadas à ocorrência de complicações pós‐operatórias após ETM lap.
Método: Estudo retrospectivo uni‐institucional a partir de banco de dados prospectivo. As variáveis clínicas e patológicas foram obtidas a partir do prontuário eletrônico e as complicações pós‐operatórias foram classificadas de acordo com a classificação de Clavien‐Dindo.
Resultados: Entre janeiro de 2016 e junho de 2017, 38 pacientes foram submetidos a ETM lap pela mesma equipe cirúrgica; 18 (47%) eram homens e a média foi de 60 (intervalo 30‐83) anos. O IMC médio foi de 24,89kg/m2. Vinte (52%) dos pacientes tinham uma ou mais comorbidades e 18 (47%) declararam‐se fumantes. A distribuição de acordo com a classificação ASA foi 1‐5 (13%), 2‐24 (63%), 3‐9 (23%) e 4‐nenhum; 14 pacientes (36%), 20 (52%) e quatro (10%) tinham tumores nos estágios clínicos 2, 3 e 4, respectivamente; 26 (68%) dos pacientes foram submetidos a quimio e radioterapia neoadjuvantes. Complicações pós‐operatórias ocorreram em 19 (50%) pacientes [Clavien‐Dindo 3 ou 4 em 14 (38%)]. Pela análise univariada, na presente casuística, as variáveis mais frequentemente associadas a complicações foram sexo masculino, tabagismo, perda de peso e status ASA 3.
Conclusão: Variáveis clínicas conhecidas e facilmente determináveis no período preoperatório são discriminativas e úteis para estratificacão do risco cirúrgico e para a ocorrência de complicações após ETM minimamente invasiva.