Introdução: A doença de Crohn (DC) é a segunda causa de fístula retovaginal (FRV), é responsável por 36% dos casos. Apesar dos avanços no tratamento da doença, o manejo das FRV permanece um desafio.
Métodos: Análise retrospectiva de prontuários de 2007 a 2016 de pacientes com FRV associada a DC.
Resultados: Foram selecionadas 18 pacientes e excluídas quatro por perda do seguimento. Todas apresentavam FRV baixa ou anovaginal. A média foi de 36,1 anos. Foi instituída terapia medicamentosa (anti‐TNF isolado ou associado a imunossupressor) e cirúrgica com curetagem do trajeto fistuloso e locação de seton (média de 5,5 EPAs/paciente) para todas. O tratamento cirúrgico definitivo foi feito em oito pacientes. Assim distribuídos, cinco a avanço de retalho mucoso vaginal (ARV), um a fistulotomia com reconstrução de períneo, um a AAPR e um a colectomia segmentar com colostomia terminal. O fechamento da fístula foi de 78,5%, 84% no tratamento clínico associado a cirurgia de controle de danos e 80% no ARV. A paciente submetida a fistulotomia com reconstrução de períneo não obteve cicatrização perineal. Todas usaram antimicrobianos em algum momento do tratamento. O procedimento de ARV não apresentou complicações pós‐operatórias.
Discussão: Não há consenso sobre a melhor estratégia terapêutica da FRV por DC. O tratamento clínico inclui o uso antimicrobianos, imunossupressores e terapia biológica. A abordagem cirúrgica compreende os procedimentos para controle do dano e na ausência de inflamação podem ser feitas técnicas cirúrgicas definitivas. Nessa amostra, a associação do tratamento medicamentoso e cirúrgico foi efetivo no fechamento das fístulas. O ARV apresentou excelente taxa de sucesso terapêutico.
Conclusão: A combinação de tratamento medicamentoso e procedimentos cirúrgicos para controle do dano foi efetiva no fechamento da fístula retovaginal. E na ausência de inflação o ARV apresentou ótimos resultados, é uma boa opção de tratamento definitivo.