Objetivo: Avaliar as técnicas de tratamento usadas em casos de fístulas perianais em um serviço de residência de coloproctologia.
Método: Estudo retrospectivo que avaliou todos os casos de fístula perianal operados em um serviço de proctologia em 2016. Os casos foram avaliados até julho de 2017.
Resultados: Foram 46 pacientes submetidos a cirurgias, 10 mulheres e 36 homens. A idade média foi de 60 anos. Foram excluídos três pacientes que não seguiram acompanhamento, total de 47 procedimentos (quatro pacientes foram submetidos a cirurgias múltiplas). Foram 30 cirurgias para fístulas simples (69,8%), 19 casos (63,3%) submetidos à fistulotomia e 11 (36,7%) à fistulectomia. O índice geral de recorrência foi de 6,7% (dois casos), 5,2% nas fistulotomias e 9% na fistulectomia. Ocorreram duas complicações, um caso de sangramento após fistulotomia (controlado com ligadura local do vaso) e um caso de incontinência após fistulectomia. Foram 17 cirurgias para fístulas complexas, abordadas com retalho (seis casos, 35,3%), ligadura do trato interesfinteriano da fístula (do inglês Lift; seis casos, 35,3%), cola de fibrina (um caso, 5,9%) e setons (quatro casos, 23,5%). Ocorreram cinco recidivas, uma no grupo do seton (25% dos casos), três no retalho (50%) e uma no Lift (16,7%). Não ocorreram complicações.
Conclusão: As fístulas perianais são problemas comuns na população e de tratamento complicado. O índice de recorrência foi, na maioria das vezes, inferior ao encontrado na literatura nos casos de fistulotomia e fistulectomia (9,5% e 12,5%). A recorrência no grupo do retalho de avanço ficou acima da literatura (5‐35%), uma possível justificativa seria o fato de a maioria dos pacientes nesse grupo sofrer de fístulas recidivadas, o que aumenta a taxa de insucesso para até 50%. Foram também encontrados índices semelhantes aos da literatura quando usada a técnica do Lift, com taxa de sucesso de 82,3% (literatura 40‐95%).