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Vol. 38. Issue S1.
Pages 49-50 (October 2018)
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Vol. 38. Issue S1.
Pages 49-50 (October 2018)
P183
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GANGRENA DE FOURNIER: REALIZAR COLOSTOMIA OU NÃO?
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Lucas Domingos Rodrigues da Cunha, Izadora Lorena Ferreira Reis, Mariá Libório Pereira Leite, Italo Filipe Cardoso Amorim, Katyara Rodrigues Fagundes, Emerson Abdulmassih Wood da Silva, Luciano Ricardo Pelegrinelli
Hospital de Clínicas, Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), Uberaba, MG, Brasil
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Introdução: Gangrena de Fournier é uma emergência cirúrgica, definida como fasciíte necrotizante de região perineal e genital. Trata‐se de infecção de etiologia polimicrobiana, com predomínio de bactérias Gram negativas e anaeróbias. A doença apresenta elevada morbimortalidade, sendo imprescindíveis não só abordagem inicial rápida e desbridamento extenso, mas também suporte e manejo das frequentes sequelas e complicações.

Relato do caso: Paciente masculino, 73 anos, portador de diabetes e hipertensão mal controlados, foi admitido com quadro de febre há 5 dias associado a hiperemia e dor em região perianal. Ao exame, apresentava edema e crepitações em região perineal, glútea esquerda e escroto. Área próxima ao ânus, com drenagem de secreção purulenta de odor fétido e necrose tecidual. Diagnosticado com gangrena de Fournier, iniciada antibioticoterapia e encaminhado para tratamento cirúrgico. Desbridamento amplo de região perineal e bolsa escrotal. Identificada perfuração de reto baixo com comprometimento esfincteriano. Optado pela realização de transversostomia em alça em mesmo tempo cirúrgico. Paciente evoluiu com melhora progressiva da ferida e controle da infecção.

Discussão: O paciente do caso apresenta história típica e alguns dos principais fatores de risco associados ao desenvolvimento da doença, como diabetes mellitus e abscesso perianal. A antibioticoterapia e o desbridamento cirúrgico foram realizados precocemente, no momento da admissão, já que a doença apresenta evolução rápida e grave. Durante o intraoperatório optou‐se pela realização da transversostomia. Na maioria dos casos, a colostomia não está indicada, tendo em vista as complicações inerentes a sua confecção (isquemia, infecção e evisceração) e o aumento da mortalidade nestes pacientes. Todavia, a presença de lesão esfincteriana, extensão da área de necrose perineal e perfuração retal são indicações presentes na literatura para minimizar a contaminação fecal da ferida.

Conclusão: A ostomia está associada a maior mortalidade e permanência hospitalar. Entretanto, tal constatação pode estar enviesada, por ser indicada nos doentes com pior prognóstico e lesões mais extensas.

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