Introdução: Gastroparesia é definida como atraso no esvaziamento gástrico e ausência documentadade obstrução desse órgão. A patogênese está associada a perda de células intersticiais de Cajal, neuropatia e miopatia. Causas raras, comoinfiltração maligna do nervo também podem ocorrer. Essa multiplicidade de mecanismos patogênicos explica adificuldade diagnóstica e aimportância do tratamento adequado.
Relato do caso: Paciente masculino, 63 anos, branco, com antecedente de retossigmoidectomia e terapia adjuvante no ano de 2016, por adenocarcinoma tubular moderadamente diferenciado e invasivo de cólon sigmóide ECIIIB (pT3 pN1 M0). Há 06 meses iniciou quadro de dor epigástrica, náuseas e vômitos que pioravam após alimentação. Nesse período, houve perda de peso de nove quilos. Foi submetido a endoscopia digestiva alta que apontou estase gástrica alimentar. Também foi realizada tomografia de abdome total que constatou recidiva linfonodal em cadeias ganglionares peri‐hepática, peri‐pancreáticas, interaortocavais e periaórtica. Diante desse quadro, estabeleceu‐se o diagnóstico de gastroparesia por recidiva linfonodal com infiltração do nervo vago. O tratamento instituído baseou‐se no uso de antieméticos, procinéticos, dieta fracionada e quimioterapia paliativa. Após a quimioterapia, houve redução da massa linfonodal e remissão da gastroparesia.
Discussão: A gastroparesia é caracterizada por náuseas, vômitos, saciedade precoce e dor abdominal. Considera‐se padrão‐ouro para o diagnóstico a cintilografia gástrica em fase sólida. As causas freqüentes de gastroparesia são: idiopática, diabética e pós‐cirúrgica. Doença paraneoplásica, parkinsonismo, esclerodermia, isquemia mesentérica e infiltração do nervo vago por neoplasia maligna são etiologias raras. O manejo é realizado com antieméticos, procinéticos, agonistas de receptores de motilina, dieta fracionada, dieta via sonda nasoenteral ou parenteral se não tolerado via oral. A metoclopramida é o único procinético aprovado pela FDA (EUA) para o tratamento da gastroparesia. As diretrizes clínicas do American Journal of Gastroenterology recomendam rastreamento para diabetes, disfunção tireoidiana, doença neurológica e desordens autoimunes como possíveis causas de gastroparesia.
Conclusão: Gastroparesia por infiltração maligna do nervo vago é incomum. O tratamento baseia‐se em dieta fracionada, procinéticos, antieméticos e quimioterapia para a neoplasia.