Área Doenças malignas e pré‐malignas dos cólons, reto e ânus
Categoria Relatos de caso
Forma de Apresentação Pôster
Objetivo(s) Relatar caso de Hamartoma Retro‐retal e discutir seus principais aspectos diagnósticos e terapêuticos.
Descrição do caso Paciente do sexo feminino, 23 anos, iniciou quadro de dor em região perianal há 8 anos associada a saída de secreção purulenta. Foi submetida a diversas fistulotomias e drenagens de abscessos, sem melhora. Chegou em nosso serviço apresentando, ao exame físico, cicatriz cirúrgica Interglútea e orifício puntiforme a 1cm da borda anal. Ao toque retal foram palpados abaulamentos extrínsecos a cerca de 4cm da borda anal em parede lateral direita. Realizado ressonância magnética que evidenciou múltiplas imagens císticas com sinal variável em T1 e T2, exibindo realce periférico pós contraste com finas septações localizadas no espaço interesfinctérico a direita junto a musculatura do elevador do ânus com extensão ao espaço pré‐sacral. Foi submetida então a abordagem cirúrgica por acesso posterior a Kraske, em que foram encontradas múltiplas lesões císticas lobuladas em região pré‐sacral com anatomopatológico confirmando hamartomas císticos retro‐retais.
Discussão e Conclusão(ões) Os tumores retro‐retais congênitos são divididos em congênitos, neurogênicos, ósseos, além de lipomas e sarcomas. Os cistos embrionários são as lesões congênitas mais comuns do espaço retro‐retal. Quando as lesões causam efeito de massa local aparecem sintomas como constipação, dor retal e tenesmo. Alguns destes tumores podem causar sangramento e fazer compressão no trato urinário inferior. A principal complicação de lesões císticas é a infecção (30%‐50%) com formação de abscessos e fístulas, a transformação maligna é estimada em 2%‐13%. O diagnóstico dos tumores pode ser realizado com toque retal (97% das massas são palpáveis), colonoscopia, enema opaco, tomografia, ressonância e ultrassom endoretal. A biópsia é controversa pelo risco de contaminação, meningite, sangramento, recidiva e disseminação de lesões malignas. O tratamento de eleição é o cirúrgico já que as lesões podem degenerar, infectar e comprimir raízes nervosas. A localização das lesões é de difícil acesso e a tática cirúrgica depende da experiência do cirurgião e das características da lesão. O acesso posterior exclusivo (cirurgia de Kraske) é o acesso mais descrito e é melhor para lesões que se estendem do sacro a ponta do cóccix. A recidiva dos cistos é de aproximadamente 15% e o seguimento deve ser realizado com toque retal e exames de imagem. Os hamartomas retro‐retais, apesar de incomuns, devem ser considerados como diagnóstico diferencial de abscessos recorrentes, abaulamentos extrínsecos ao reto e de cistos periretais e seu correto tratamento é de grande importância devido risco de malignização.