Introdução: A retite actínica constitui‐se em uma complicação que ocorre entre 5% a 20% dos pacientes submetidos a radioterapia pélvica como tratamento para carcinoma de reto, bexiga, próstata, colo do útero, útero e testículos. Por volta de 5% desses doentes desenvolverão quadro de sangramento retal, que muitas vezes pode ser grave e necessitar de transfusão sanguínea.
Objetivo: Relatar o caso de um paciente com hemorragia digestiva baixa devido a retite actínica, tratada com sucesso por coagulação com plasma de argônio.
Relato de caso: Paciente de 75 anos, com queixa de hematoquezia havia dois meses e histórico de 39 sessões de radioterapia prévias por neoplasia de próstata havia um ano. Colonoscopia evidenciou imagens compatíveis com retite actínica. Paciente apresentava anemia sintomática, necessitou de transfusão de quatro concentrados de hemácias na ocasião. Inicialmente feita instilação de budesonida via retal, com melhoria do sangramento. Paciente recebeu alta hospitalar com supositório de budesonida. Após dois meses voltou a apresentar hemorragia digestiva baixa, admitido em internamento hospitalar novamente com anemia sintomática e insuficiência renal pré‐renal. Feita colonoscopia, com identificação de área de lesão actínica em reto, com sangramento ativo. Feita coagulação com plasma de argônio, com cessação do sangramento. Recebeu alta e foi repetida coagulação ambulatorialmente em quatro semanas. Manteve‐se sem novos episódios de sangramento.
Conclusões: A retite actínica é uma entidade frequente e deve ser lembrada como causa de hemorragia digestiva baixa em pacientes com histórico de irradiação pélvica. O tratamento endoscópico com plasma de argônio é opção eficaz para seu tratamento, como descrito neste relato de caso.