Área: Miscelâneas
Categoria: Relatos de caso
Forma de Apresentação: Pôster
Objetivo(s): Descrever um caso de obstrução intestinal por hérnia interna pelo defeito mesocólico, após retossigmoidectomia laparoscópica e realizar uma revisão de literatura relacionada ao tema.
Descrição do caso: Paciente do sexo feminino, 59 anos foi submetida a ressecção cirúrgica de adenocarcinoma localizado na junção retossigmoideana. O procedimento cirúrgico foi realizado via laparoscópica, com confecção de anastomose colorretal mecânica extracorpórea. Após a ressecção do cólon, o defeito mesocólico não foi corrigido no final do procedimento. No quinto dia de pós‐operatório, a paciente apresentou clínica de obstrução intestinal, sendo submetida a exame de tomografia computadorizada que identificou a presença de uma hérnia interna pelo defeito do mesocólon. A paciente foi então submetida a laparotomia exploradora, e identificou‐se que aproximadamente 120cm de alças jejunais estavam herniadas através do defeito mesocólico. Procedeu‐se a redução do intestino delgado herniado sem necessidade de ressecção intestinal. A correção do defeito do mesocólon foi feita com sutura contínua. A paciente teve evolução favorável após a abordagem cirurgia, recebendo alta no quinto dia.
Discussão e Conclusão(ões): As hérnias internas pelo defeito mesocólico após a realização de colectomia laparoscópica é uma complicação pós‐operatória rara com a descrição de apenas 39 casos. A maioria dos casos relatados ocorreram em ressecções do cólon esquerdo e em pós‐operatório precoce. Duas grandes séries publicadas mostram uma incidência entre 0,55% e 1,14% de hérnia interna após ressecção do cólon esquerdo. Mas é importante considerar que essa incidência pode ser subestimada. Acredita‐se que o mecanismo etiopatogênico é multifatorial. Algumas explicações poderiam ser as alças livres de muitas aderências após laparotomia, associada a sua migração devido a movimentação na recuperação precoce; o favorecimento da anatomia do ligamento duodeno jejunal (ângulo de Treitz) que é o ponto de fixação e por onde inicia‐se a rotação do intestino delgado e a rotação anatômica do mesentério; e a não liberação da flexura esplênica para a anastomose que implica em uma anastomose com mais tensão por onde as alças se insinuariam com maior facilidade para encarceramento. O diagnóstico da hérnia interna geralmente é feito com a suspeita de obstrução intestinal através da história, exame clínico e de imagem. Embora a melhor forma de se prevenir complicações graves seja o fechamento da brecha, ainda há pouca evidência na literatura mostrando que seu fechamento rotineiro diminui a incidência de HI. Essa revisão mostra que a obstrução intestinal após retossigmoidectomia laparoscópica consequente à formação de hérnia interna é uma complicação pós‐operatória rara, porém tem possibilidade ser consequências graves que justificam o fechamento criterioso do defeito do mesocólon sempre que possível.