Área: Doenças malignas e pré‐malignas dos cólons, reto e ânus
Categoria: Relatos de caso
Forma de Apresentação: Pôster
Objetivo(s): Descrever um caso de hidradenite que teve como achado carcinoma espinocelular com evolução cirúrgica e oncológica.
Descrição do caso: Paciente J.C.G.J, sexo masculino, 66 anos, procedente de cravinhos, lavrador, hipertenso, ex tabagista, ex etilista, histórico familiar de melanoma (irmã). Antecedente de lesões perianais, com piora dos sintomas há 6 anos com quando foi submetido a ressecção cirúrgica, sem recidivas desde então. Passa por consulta médica, no dia 09/01/2019 com história de dor e lesão peri‐anal, evoluindo com drenagem espontânea de secreção. Refere habito intestinal preservado, nega hematoquezia, nega enterorragia, nega perda ponderal. Ao exame físico, presença de lesão perianal em espelho, com +/‐ 4cm, com área ulcerada drenando secreção, toque retal normal. Realizada exérese de lesão em 14/01/2019. Paciente evolui satisfatoriamente em pós operatório. Em retorno, apresentou anátomo patológico com ‐ “Carcinoma Espinocelular” (CEC) – carcinoma de células escamosas moderadamente diferenciado ulceroinfiltrante, com formação de fístulas em pele e subcutâneo de região peri‐anal. A lesão infiltrava todo o fragmento, com invasão de trajetos nervosos e necrose tumoral junto ao trajeto fistuloso. Paciente encaminhado ao serviço de oncologia para seguimento de tratamento oncológico em serviço público.
Discussão e Conclusão(ões): A hidradenite supurativa (HS) consiste em um processo inflamatório crônico, afeta as glândulas sudoriparas apocrinas, com obstrução do canal glandular por tampões de queratina propiciando a proliferação bacteriana, a etiopatogenia é mal definida podendo estar associado a distúrbios endócrinos, imunológicos, hereditários e exógenos. caracteriza‐se por edema, nódulos dolorosos, prurido, hiperhidrose e drenagem de secreção purulenta, fétida e ocasionalmente com sangue. O tumor do canal anal apesar de raro, apresenta o CEC como sendo o principal tipo histopatológico. pode ter relação com quadro prévio de HPV ou HIV, fístula anal crônica, tabagismo, imunodeprimidos e condições precárias de higiene. com incidência de 1% a 3%, o CEC que surge na HS de longa duração é raro e sua patogênese não é totalmente compreendida. A inflamação de longa duração pode levar ao aumento da taxa de mutações espontâneas, importante no aparecimento de CEC. Tem prevalência maior em afrodescendentes e mulheres, porém a incidência e risco para CEC é maior nos homens. Possui disseminação metastática principalmente locorregional, a distância é rara, acometendo fígado e pulmão, e alta taxa de mortalidade. No caso apresentado, o paciente tinha linfonodo inguinal, exames de imagem sem evidência de lesão metastática. O diagnóstico e estadiamento é feito por biopsia, histopatológico, TC de ABD, pelve e tórax, USG endoanal, RM de pelve e colonoscopia. O tratamento indicado é a radioterapia e a quimioterapia sensibilizante, recomenda‐se o regime nigro modificado. O CEC em HS apesar de raro, tem bom prognóstico se não tiver acometimento secundário, é importante uma boa ressecção com margem e avaliação do AP.