Introdução: A manometria anorretal é uma ferramenta útil para o esclarecimento de perturbações funcionais dessa região. Mais recentemente, a tecnologia da manometria de alta resolução tem sido aplicada a esse método, tem como principal vantagem uma apreciação dinâmica tridimensional.
Objetivos: Avaliação retrospectiva dos resultados obtidos na avaliação de doentes estudados com manometria anorretal de alta resolução.
Material e métodos: Foram 35 doentes (sexo masculino: 13; feminino: 22), entre seis e 85 anos (média: 49,3). Indicações: obstipação: quatro; dor anal: 11; disquesia: seis; incontinência: 11 (dos quais três com lesão esfincteriana conhecida); outras indicações: três (lesão medular, um; esclerodermia, um; paramiloidose, um).
Metodologia: Equipamento de manometria Solar GI (fabricante: MMS), com software apropriado. Cateter de Solid State com oito canais para o canal anal, distanciados de 8mm (circulares, com medição a 90°, permite configuração 3D), e um canal para medição de pressão a partir de um balão rectal. Parâmetros avaliados: pressão de repouso, comprimento funcional do canal anal (N>3cm), pressão de contração voluntária, reflexos da tosse, da estimulação perineal e da distensão retal, avaliação em esforço defecatório (clas de Rao), sensibilidade retal.
Resultados: Destacam‐se os seguintes: doentes avaliados por obstipação: todos sem dissinergia; dor anal: só 18% tinham hipertonia anal, um com dissinergia; incontinência: 40% com alteração da sensibilidade retal. Na incontinência com lesão de esfíncteres: todos com hipotonia, um caso de dissinergia; incontinência sem lesão esfincteriana: 50% com pressão de repouso normal, 25% com contração voluntária normal; 2/6 doentes com disquesia tinham dissinergia.
Conclusões: O estudo manométrico anorretal forneceu dados importantes para o planejamento da terapêutica. A manometria anorretal de alta resolução aumenta a nossa capacidade de compreensão da fisiopatologia da disfunção.