Introdução: Tumores da fossa isquiorretal (FIR) são raros e representam desafio diagnóstico. Diversas patologias comprometem a região, congênitas, inflamatórias, traumáticas, hemorrágicas, tumores primários e secundários. O tipo histológico, tamanho, localização e relações anatômicas são essenciais para planejamento terapêutico. A Ressonância Magnética (RM) é importante para diagnóstico e programação cirúrgica.
Descrição do caso: L.F.O., 43 anos, feminino, procurou proctologista com constipação, dor retal e assimetria da região glútea direita há 4 meses. Ao toque retal havia tumoração móvel e indolor, na face lateral direita do reto, 6cm do canal anal, ocupando a topografia da FIR direita. Foi solicitada RM que evidenciou massa sólida medindo em torno de 6cm, vascularizada, na FIR direita, comprimindo e desviando o reto para esquerda, sem comprometimento da parede retal, nem extensão para o espaço supra elevador, com plano de gordura entre a lesão e o músculo obturador interno. As características eram de lesão sólida, sem degeneração, gordura ou necrose. A paciente foi submetida a cirurgia e o diagnóstico foi de leiomioma. Realizou RM dois meses após demonstrando alterações pós cirúrgicas. O caso é ilustrado com imagens da RM pré e pós cirúrgica, do ato cirúrgico, da peça cirúrgica e da patologia. O propósito também é descrever a anatomia da FIR e enfatizar a importância na RM no diagnóstico e programação cirúrgica.
Discussão: Os tumores da FIR são raros mas englobam grande número de patologias e o risco de malignidade das lesões sólidas é alto. A FIR é o espaço limitado superiormente pelo elevador do ânus, medialmente pelo esfíncter anal externo, lateralmente pelo músculo obturador, anteriormente pelos músculos perineal transverso superficial e profundo e inferiormente pela pele e períneo. A RM é o método mais acurado na avaliação anatômica, definindo seus limites, a relação da lesão com a parede retal e a caracterização tecidual dos tumores. O leiomioma é um tumor raro que pode ser encontrado nessa região. A presenta‐se como uma lesão de contornos regulares e bem definidos, sem sinais de agressividade, com hipossinal em todas as ponderações e realça pós contraste, achados que não são específicos.
Conclusão: O caso relata a importância da RM em definir tumoração sólida na FIR, sem sinais de invasão das estruturas, detalhando localização anatômica e característica tecidual, o que foi fundamental para a programação cirúrgica.