Introdução: Tumores pré‐sacrais têm incidência de uma em cada 40.000 internações hospitalares. Devido a essa baixa frequência, há pouca experiência com o diagnóstico e tratamento dessas lesões.
Objetivo: Relatar o caso de uma paciente com tumor pré‐sacral e discutir manejo e prognóstico.
Relato do caso: Paciente feminina, 44 anos. Durante investigação de dor abdominal, ecografia transvaginal identificou cisto de ovário direito. Tomografia e ressonância nuclear magnética de abdômen e pelve identificaram lesão cística com conteúdo espesso no espaço pré‐sacral com extensão do períneo até a terceira vértebra sacral com 100 x 51 x 68mm (180mL). Ausência de sinais de infiltração aos planos adjacentes e deslocamento retal para a direita. A paciente foi submetida a ressecção do cisto com incisão transversa perineal posterior em posição de litotomia. A análise da peça cirúrgica revelou tratar‐se de cisto dermoide, não relacionado com a histologia do cisto de ovário, operado por laparoscopia, descrito como cistoadenoma seroso.
Discussão: Tumores pré‐sacrais são classificados em congênitos, adquiridos, neurogênicos, ósseos e “outros”. A RNM é o exame com maior sensibilidade e especificidade para investigação e programação cirúrgica. Deve‐se evitar biópsia e a ressecção cirúrgica é o tratamento preconizado. Cistos dermoides são lesões benignas congênitas que surgem da camada ectodérmica e são revestidos por células epiteliais, podem conter fâneros. A quarta vértebra sacral usualmente constitui o limite cranial de decisão entre o acesso puramente perineal ou combinado. Entretanto, nesse caso a ressecção total do cisto por via perineal foi bem‐sucedida, apesar do seu limite cranial ser na terceira vertebra sacral.
Conclusões: A decisão sobre o tipo de abordagem baseada nos exames de imagem é essencial para o sucesso do tratamento. A excisão adequada de lesões císticas benignas pré‐sacrais tem ótimo prognóstico com taxa de recidiva de aproximadamente 11%.