Introdução: A incidência de Doença de Crohn Perianal (DCP) varia entre 20% e 25% dos pacientes com doença de Crohn. A avaliação padrão da DCP consiste no exame clínico, associado frequentemente a exame sob anestesia, e complementado com exame de imagem como Ressonância Magnética Nuclear ou Ultrassonografia Endoanal (USEA).
Objetivo: Avaliar as lesões esfincterianas na DCP, utilizando a USEA, e correlacionar estes achados com a Incontinência Fecal (IF), por meio do escore de Jorge‐Wexner.
Casuística e método: Estudo transversal observacional, com pacientes com DCP, maiores de 18 anos, de ambos os sexos. Todos os pacientes foram submetidos à avaliação clínica e responderam a um questionário para o cálculo do escore de Jorge‐Wexner. Realizou‐se USEA 2D e 3D, sendo também quantificados os escores de Starck e de Starck modificado por Caldaro.
Resultados: Quarenta pacientes foram incluídos no estudo, sendo 26 (65%) do sexo feminino, com média de idade de 32,98 (19‐57) anos. Dez doentes (25%) apresentavam apenas envolvimento perianal da doença; 11 (27,5%) também tinham acometimento do reto; sete (17%), ileocólico; seis (11%), do íleo e seis (11%), do cólon. A média do escore de Jorge‐Wexner foi de 4,18, do escore de Starck de 9,88 e de Starck Modificado de 11,93.
Conclusão: Pacientes com DCP apresentaram significativas lesões anatômicas do aparelho esfincteriano, porém não houve correlação destas com a ocorrência de IF. O comprimento da lesão do esfíncter anal interno e o tamanho das lesões do esfíncter anal (interno e externo) tiveram correlação com o escore de Jorge‐Wexner, podendo ser preditores da ocorrência de IF após procedimentos cirúrgicos, neste grupo de pacientes.