Introdução: Fístulas anorretais são processos supurativos crônicos caracterizados por comunicação anormal delimitada à parede do reto e canal anal ou que se estabelece entre esse e os tecidos ou órgãos vizinhos. Diversas técnicas cirúrgicas foram desenvolvidas e mais recentemente a técnica de Lift, porém com relatos de recidivas, principalmente interesficnterianas. Desenvolvemos essa técnica com preservação do esfíncter externo e secção do interno para preservação da musculatura estriada e minimizar as recidivas relatadas.
Objetivo: Avaliar a acurácia dessa nova técnica cirúrgica no tratamento das fístulas anais.
Métodos: Estudo prospectivo feito entre janeiro de 2016 e junho de 2017. Incluiu 16 pacientes com diagnóstico clínico de fístula anal, seis mulheres e 10 homens, entre 19 e 67 anos, submetidos à ultrassonografia endoanal 3D para avaliação pré‐operatória dos trajetos fistulosos. Desses pacientes, 10 foram considerados como fístula complexa, com acometimento muscular maior do que 30%. Fizemos a introdução do estilete e posterior dissecção do trajeto no espaço interesficnteriano, em seguida foi feita a ligadura do segmento distal do trajeto, com fechamento do orifício do esfíncter externo e secção do trajeto distal desde o orifício interno, englobou o esfíncter interno.
Resultados: Observamos cicatrização completa das feridas operatórias em 14 pacientes (87,5%). Ocorreu uma recidiva em um paciente e em outro ocorreu uma dificuldade técnica, foi colocado um sedenho. O seguimento mínimo foi de dois meses após a cicatrização.
Conclusão: A cirurgia da fístula anal ainda continua a ser um desafio para o cirurgião. Essa técnica descrita apresenta nos resultados iniciais um excelente nível de resolução da patologia com mínima secção apenas do esfíncter interno e taxa de recidivas muito baixa.