Introdução: Sarcomas de partes moles são raros e representam apenas 1 a 2% das tumorações malignas. Até 20% podem se apresentar no retroperitônio, o lipossarcoma é o mais comum nessa região. A apresentação clínica é pobre, o que favorece uma descoberta em uma fase avançada, com grande volume tumoral.
Descrição do caso: M.L.A.A., 61 anos, aposentada, em tratamento com a proctologia por constipação intestinal crônica. Exame proctológico com hipotonia esfincteriana ao toque retal e mamilos hemorroidários internos à anuscopia. Colonosocopia de 26/05/15 com presença de tumoração extrínseca que comprimia parede retal posterior a 6cm da margem anal. Tomografia de abdome de 09/06/15 com lesão expansiva em parede lateral direita do retossigmoide com densidade de partes moles, media 11,2 x 9,8 x 8,6cm e ressonância magnética com volumosa lesão expansiva sólida retrorretal, heterogênea, em contato com parede posterior de retossigmoide. Submetida a exérese de tumor retrorretal, retossigmoidectomia com anastomose colorretal e ileostomia de proteção em 8/10/15. Anatomopatológico de lipossarcoma pleomórfico com margens livres e imuno‐histoquímica positiva para AML (1A4), CD34, CD K4, desmina, EMA, MDM2 e p63. Em acompanhamento ambulatorial semestral com tomografia de pelve de controle.
Discussão: O tratamento cirúrgico com ressecção neoplásica com margens livres é a única possibilidade de cura. O lipossarcoma pleomórfico em região retroperitonial tem sobrevida em cinco anos menor do que 75%, tem baixa taxa de metástase a distância e a maior causa de morte nesses casos é a recidiva local ou invasão de órgãos vizinhos. O papel da quimioterapia e radioterapia nesse tipo de paciente é questionável.
Conclusões: A baixa incidência desse tipo de neoplasia dificulta o surgimento de trabalhos prospectivos relacionados ao uso de radioterapia e quimioterapia adjuvantes. Hoje, o sucesso dessa patologias está associado a uma descoberta precoce e com ressecção tumoral completa e com margens livres.