Introdução: Feminino, 27 anos, secundigesta, com idade gestacional (IG) 10+4 (A), com queixa de polaciúria e dor hipogástrica. Apresentava abaulamento de parede vaginal. Realizado USTV e ressonância nuclear magnética (RNM).
Material e método: Revisado prontuário da paciente.
Resultados: Evidenciado lesão expansiva localizada na cavidade pélvica, medindo 12,4×11,4×10,2cm, deslocava a vagina e o útero superoanteriormente e o reto para a esquerda. Realizada biópsia transcutânea. O conjunto favorecia leiomioma, neoplasia com diferenciação muscular ou tumor desmoide. Na amostra, marcação para CD117 negativa, desfavorecendo GIST. Receptor hormonal positivo para estrógeno e progesterona. Nova RNM de controle com neoplasia medindo 17,1×13,5×11,5cm. Iniciado tratamento quimioterápico com doxorrubicina 60mg/m2. Paciente evolui com descolamento prematuro de placenta com 29 semanas. Realizado cesariana com incisão mediana sem intercorrências. Interna eletivamente para passagem de cateter duplo J e cirurgia. Em nova RNM evidenciou‐se aumento das dimensões da lesão expansiva, medindo 17,5×14,5×11,0cm. Realizada cirurgia extensa, com abordagem abdominal e perineal, sendo ressecada massa com 1,5kg de peso. Anatomopatológico com aspecto morfológico e a imunomarcação dando suporte ao diagnóstico de leiomioma.
Discussão e conclusões: Paciente jovem que teve diagnóstico de massa pélvica durante a gestação. Com isso, de maneira cautelosa e com o impedimento de métodos muito invasivos, houve dificuldade em realizar diagnóstico definitivo desde o início, escolha da terapêutica e conduta quanto a evolução da gestação e riscos para o feto. Os leiomiomas não resultam em sintomas específicos e o diagnóstico geralmente é feito após o efeito de massa. Como relatado no caso, os diagnósticos diferenciais se fazem principalmente entre tumor estromal e leiomiossarcomas, e a análise imunoistoquímica tem papel essencial na diferenciação. Porém, a cirurgia é a única opção curativa, e a abordagem combinada abdomino‐perineal foi necessária e resolutiva para o acesso e dissecção da massa volumosa. Destaca‐se a importância do acompanhamento em conjunto com as especialidades médicas em prol do benefício da paciente. Comentários finais: Apesar de se tratar de um tumor benigno, o leiomioma se torna um desafio ainda maior durante a gestação, tanto no diagnóstico, terapêutica e pela sua condição evolutiva.