Área: Doenças Inflamatórias Intestinais
Categoria: Pesquisa básica
Forma de Apresentação: Tema Livre (apresentação oral)
Objetivo(s): Traçar o perfil epidemiológico de pacientes com Doença Inflamatória Intestinal (DII) em associação com Manifestações extra‐intestinais (MEI) do Núcleo de Doença Inflamatória Intestinal de um hospital universitário de Cuiabá – MT além de relacionar os tratamentos empregados.
Método: Foram analisados os prontuários de todos os pacientes com DII do Núcleo de Doença Inflamatória Intestinal de um hospital universitário de Cuiabá e selecionados aqueles que apresentaram qualquer MEI durante seguimento. Em seguida, discriminou‐se o perfil epidemiológico desses pacientes, o diagnóstico da DII, a forma da MEI além dos tratamentos empregados.
Resultados: Neste levantamento foram identificados um total de 137 pacientes com DII. Destes, 21 (15,3%) pacientes apresentaram alguma MEI durante o seguimento. A partir destes pacientes, 38% tinham diagnóstico de Doença de Crohn (DC) e 61% de Retocolite Ulcerativa (RCU). Os pacientes estavam distribuídos igualmente entre os sexos. A média de idade destes 21 pacientes é de 44,9 anos (24 até 78 anos). Os achados extra‐intestinais em pacientes com DII foram de 9 casos (42,8%) com afecções articulares (artrites e artralgias), 7 (33,3%) com afecções de pele (2 hidradenite supurativa, 2 pioderma gangrenoso, 2 psoríase e 1 com vitiligo), 4 (19%) com colangite esclerosante primária, 3 (14,3%) com afecções visuais (1 uveíte, 1 diminuição da acuidade visual e 1 com lesão de retina), 1 (4,8%) com fenômeno tromboembólico (trombose venosa de membro inferior) e 2 (9,5%) com acometimentos viscerais (esteatose hepática e nefrolitíase), tendo em alguns casos mais de uma MEI. Dos 21 pacientes, 12 (57,1%) utilizam imunobiológicos e 9 (42,9%) não fazem uso desta classe.
Conclusão(ões): Embora nossos achados de MEI tenha sido de 15,3%, a literatura traz um intervalo de prevalência que alcança valores de 21 a 47%. Além disso, foram encontrados dados de pacientes com DII associado a MEI nesse serviço superiores para todos os tipos de afecções específicas em comparação com outros estudos sendo de 2,8 a 31% para afecções articulares, até 20% para afecções da pele, 2,4 a 7,5% para acometimento hepatobiliar e 2 a 6% para afecções visuais. Pelos achados ficou evidente que as doenças inflamatórias intestinais podem apresentar além dos sintomas gastrointestinais típicos o acometimento de outros órgãos e sistemas e por isso é importante então uma investigação e acompanhamento sequenciados. Foram encontradas manifestações tanto de curso associado à atividade da doença intestinal quanto aquelas que têm curso independente da atividade da doença intestinal. Considerando tal impacto é de extrema importância que o médico assistente valorize tais manifestações que podem inclusive surgir antes das manifestações intestinais.