Introdução: O megacólon tóxico (MT) é uma das principais complicações na retocolite ulcerativa (RCU). É definido como uma distensão cólica mínima de 6cm à radiografia em presença de colite aguda e sinais de toxicidade sistêmica. Cerca de 15‐20% dos acometidos com RCU apresentarão agudizações graves, em que será indicada abordagem cirúrgica.
Descrição do caso: Homem de 59 anos, relatou dor abdominal em cólica em fossa ilíaca esquerda, irradiava difusamente para todo o abdômen havia 15 dias, com pioria havia um dia. Apresentava concomitantemente diarreia líquida sem sangue ou muco. Portador de RCU havia 20 anos, fazia uso de azatioprina. Encontrava‐se em regular estado geral, desidratado, descorado, afebril, com sinais vitais estáveis. Seu abdômen apresentava‐se distendido e hipertimpânico, doloroso à palpação difusamente, com Blumberg positivo. A radiografia de abdômen evidenciou distensão cólica. Foi internado em uso de ciprofloxacino, metronidazol, hidrocortisona e sintomáticos. Evoluiu sem melhoria, fez colectomia total com ileostomia terminal, com achados intraoperatórios de grande dilatação parcial do colon e perfuração espontânea da porção esquerda na flexura esplênica. Melhoria radiológica no sétimo dia pós‐operatório.
Discussão e conclusão: Além da RCU como principal causa, é importante atentar a outras etiologias do MT, principalmente colite de Crohn e C. difficile. A suspeita é clínica e o exame radiológico confirma o diagnóstico, a evolução do paciente nas primeiras 24‐48h é o maior preditor da abordagem cirúrgica, uma vez que não haja sinais de perfuração, sepse ou hemorragia. Nos casos de perfuração com peritonite, a mortalidade durante cirurgia é de 40‐50%. Apesar da apresentação clínica não tão rara, as condutas tanto na RCU aguda grave quanto nas suas complicações é assunto discutível, deve‐se aventar a feitura de metanálise ou revisão sistemática do tema, definir os padrões das terapêuticas clínicas de primeira escolha e de resgate, assim também como das indicações cirúrgicas ao MT.