Área: Doenças malignas e pré‐malignas dos cólons, reto e ânus
Categoria: Relatos de caso
Forma de Apresentação: Pôster
Objetivo(s): Descrever um caso de câncer de canal anal e abordar a importância da hipótese diagnóstica entre os diagnósticos diferenciais visto que muitas vezes há equivoco e demora no diagnóstico
Descrição do caso: Paciente do sexo feminino, 60 anos, encaminhada devido à suspeita clínica de hemorroidas. Há 6 meses relata quadro de dor anal, enterorragia após esforços evacuatórios e presença de sangue em absorvente. Relata cólica em região infraumbilical e perda de 5kg em 1 ano. Ao exame físico foi encontrada lesão vegentante em bordo anal hiperpigmentada escurecida, friável. Presença de linfonodos inguinais palpáveis bilateralmente. Realizada biópsia da lesão que evidenciou Neoplasia Maligna Ulceroinfiltrativa epitelioide associada a produção de melanina, compatível com melanoma de canal anal\â nus. A ressonância magnética de pelve concluiu lesão medindo cerca de 3,7cm x 1,6cm em canal anal e linfonodopatia inguinal bilateral. Descartaram‐se lesões secundárias. Realizada amputação abdomino perineal com linfadenectomia e colostomia definitiva. Anátomo patológico constatou melanoma maligno invasivo.
Discussão e Conclusão(ões): O melanoma maligno do reto é uma doença rara e agressiva. Constitui 0,5%‐4% de todas as neoplasias anorretais e menos de 1% de todos os melanomas. Mais comum em mulheres. Os pacientes apresentam queixas inespecíficas, como sangramento e dor anal. Apresenta prognóstico ruim, com sobrevida média de 24 meses e uma sobrevida em 5 anos de 10%‐15%. No momento do diagnóstico quase todos os apresentam metástases. A incidência é maior em pacientes com infecções pelo vírus do Papiloma Humano e HIV. A maioria dos melanomas anorretais se origina da linha dentada e 65% estão localizados no canal anal ou na borda anal. A TC e a RNM do abdome e da pelve são ferramentas para avaliar a doença regional e presença de linfadenopatia ou metástase. A colonoscopia serve para a avaliação da causa dos sintomas, biópsia e investigação de lesões sincrônicas. A USG endorretal endoscópica pode ser considerada para avaliar a espessura do tumor. A disseminação linfática para as bacias nodais mesentéricas inguinais ou inferiores é comum. Os locais mais comuns de metástases são linfonodos inguinais, linfonodos mesentéricos, hipogástricos, para‐aórticos, fígado, pulmão, pele e cérebro. As incidência de metástases nos linfonodos locorregionais na apresentação inicial são quase 60%. No momento do diagnóstico, metástases à distância são identificadas em 26‐38% dos pacientes. Quimioterapia, radioterapia têm um papel limitado. Desta forma o tratamento cirúrgico curativo quando possível deve ser prioritário. O melanoma maligno anorretal é raro e agressivo, apresenta prognóstico reservado tendo em vista a dificuldade em realizar o diagnóstico precoce pelo fato das queixas serem semelhantes às patologias orificiais benignas. Embora a cirurgia continue sendo a base do tratamento, o procedimento exato permanece controverso. O papel das terapias adjuvantes é mínimo.