Introdução: O melanoma é um tumor de elevada malignidade e representa 3% de todos os tipos de cânceres, responsável por 1% das mortes por câncer no mundo. O trato gastrointestinal é um local frequentemente acometido por metástases de melanoma no abdome, depois do acometimento hepático. As metástases podem se manifestar como lesões mucosas, submucosas ou implantes serosos, com preferência pelo mesentério e delgado distal. Mais comumente implantes múltiplos submucosos, infiltrativos, que crescem para a luz intestinal e ulceram, causam sangramento. O quadro é geralmente assintomático ou com sintomas inespecíficos, o diagnóstico é feito em lesões mais avançadas, com anemia crônica ou obstrução intestinal.
Descrição do caso: Paciente, 51 anos, sem diagnóstico prévio de malignidade, com história de dor abdominal, melena e perda ponderal importante com um ano de evolução. Admitido com anemia grave com necessidade de transfusão. Tomografia de abdome evidenciou ceco e íleo terminal com mucosa espessada, irregular e granulomatosa. Submetido a laparotomia exploradora com achado de múltiplas tumorações enegrecidas e endurecidas em jejuno, íleo proximal e íleo terminal. Diagnóstico de melanoma metastático para trato gastrointestinal. Não identificado sítio primário. Evoluiu com metástase para sistema nervoso central quatro meses após a primeira abordagem.
Discussão: O melanoma maligno corresponde a 1/3 dos tumores metastáticos do trato gastrointestinal. As metástases gastrointestinais tendem a se instalar em segmentos mais bem vascularizados do tubo digestivo, o que explica sua predileção pelo intestino delgado e estômago. O comprometimento de múltiplos segmentos intestinais ou de múltiplos órgãos é mais comum. O diagnóstico é feito em apenas 0,9% a 5% dos casos, geralmente quando complicações significativas se desenvolvem.
Conclusão: O tratamento cirúrgico das metástases intestinais do melanoma metastástico é paliativo e pode ser necessário em casos de obstrução intestinal ou anemia grave secundária a sangramento crônico.