Área: Doenças malignas e pré‐malignas dos cólons, reto e ânus
Categoria: Relatos de caso
Forma de Apresentação: Pôster
Objetivo(s): Descrever o caso clínico de uma paciente diagnosticada com neoplasia colorretal durante o período gestacional em serviço de referência em Oncologia no estado de Alagoas. Compreender os desafios diagnósticos e prognósticos para o caso em questão.
Descrição do caso: M.F.S., 37 anos, sexo feminino, casada, professora, católica, natural e procedente de Maceió ‐ Alagoas. Procura serviço de referência em Oncologia no estado de Alagoas com a queixa de Hematoquezia. Paciente refere diagnóstico prévio de intolerância à lactose e queixa‐se de sangramento ao evacuar iniciado em setembro de 2017. Refere hábito intestinal regular com fezes Bristol 04/05. DUM: 01/01/2018, na primeira consulta, gestação em curso no 2° trimestre. Paciente nega comorbidades, alergias, tabagismo ou etilismo. Passado de colecistectomia há 10 anos e uma gestação anterior (G2P1cA0). Avó paterna falecida por neoplasia de colo uterino. Ao exame: Bom estado geral. ACV: RCR 2T BNF; FC 80 bpm. AR: MV+AHT S/RA ABD: gravídico (2° trimestre). EXT: simétricas, perfundidas, sem edemas. Exame proctológico: Lesão em parede posterior do reto. Colonoscopia (junho 2018): Lesão úlcero‐vegetante em reto inferior 6cm da margem anal ‐ Histopatologia: Adenocarcinoma mucinoso de reto. RNM da pelve e abdome superior (junho 2018): Lesão vegetante semi‐circunferencial reto baixo com extensão até a muscular (T2) e linfonodomegalias mesorretais e extramesorretais (>04) (N2). Raio x de tórax (junho 2018): normal. CEA (junho 2018): 1.83 ng/mL. Exames laboratoriais normais. Conduta: Realizada quatro doses de dexametasona em julho e quatro em agosto. Cesariana ocorreu em 23/08/2018 – 33 semanas e 02 dias, feto vivo do sexo feminino com 2,670kg. Instituída neoadjuvância com quimioterapia (02 ciclos ‐ semana 01 e 05) e radioterapia. PET CT (outubro 2018): Pequenas áreas focais esparsas pelo parênquima hepático (SUV 6,3 e 7,0), reto baixo (SUV 17) Linfonodo em mesorreto (SUV 7,0), linfonodo em cadeia ilíaca comum (SUV 6,7). Após neoadjuvância, realizadas nova colonoscopia e PET CT (março 2019), mostrando remissão completa da doença. Paciente mantém seguimento no serviço em regime trimestral.
Discussão e Conclusão(ões): Tem Incidência de 0,008% dos casos de neoplasia colorretal. Uma revisão de 119 casos mostrou uma média de idade 32 anos. 12% das pacientes são diagnosticadas no primeiro trimestre. Em 53.4% dos casos a neoplasia é identificada no cólon, 44% no reto e em 2.6% múltiplos sítios. Pacientes no segundo trimestre da gestação tem pior prognóstico pois relutam pela perda do feto e decidem pelo risco da progressão do tumor. Não pode ser realizada radioterapia durante a gestação. Manifesta‐se em 47% dos casos como hematoquezia, 37,6% como dor abdominal, 14,1% como constipação, 9,4% como obstrução e 2,4% como perfuração. A conduta em 30% é ressecção anterior de reto e em 14,9% amputação abdominoperineal de reto, com sobrevida média de 42 meses. Compreendemos que trata‐se de uma doença rara, agressiva, com grave prognóstico para a mãe e ainda sem consenso.