Introdução: O câncer colorretal é o terceiro de maior prevalência no mundo, é a neoplasia mais comum do trato gastrointestinal, acomete principalmente os indivíduos acima de 50 anos. Cerca de 85% dos casos são diagnosticados na fase avançada da doença, o que justifica a importância das medidas de rastreio e diagnóstico precoce. Em relação aos casos de câncer renal, um dos principais responsáveis pelo seu desenvolvimento é o carcinoma de células renais. O sincronismo de neoplasias primárias é um evento relativamente raro, descrito pela primeira vez em 1879. Porém, sua incidência tem aumentado significativamente nos últimos anos, o sincronismo das neoplasias colorretais e renais é um dos menos prevalentes.
Descrição do caso: Feminino, 49 anos, branca, casada, previamente hígida e sem antecedentes de risco, queixava‐se de desconforto abdominal, sangramento retal e alteração do hábito intestinal havia seis meses. Colonoscopia com presença de lesão estenosante em retossigmoide, correspondia a adenocarcinoma tubular de baixo grau. Os exames de estadiamento permitiram a identificação de uma tumoração que invadia a pelve renal esquerda, correspondia a carcinoma de células renais do tipo células claras. Submetida a colectomia e nefrectomia esquerda. O estudo anatomopatológico das peças confirmou tratar‐se de lesões malignas primárias e sincrônicas.
Discussão: Apesar da alta prevalência de ambas as neoplasias isoladamente, seu diagnóstico simultâneo é raro. Em contrapartida, já se encontra bem estabelecido na literatura o envolvimento dos órgãos genitourinários em pelo menos um dos tumores primários sincrônicos. No caso apresentado, a divergência do padrão histopatológico das lesões permitiu classificá‐las como neoplasias malignas primárias sincrônicas.
Conclusão: Com surgimento de novas evidências e maior compreensão da carcinogênese humana, o diagnóstico dos tumores sincrônicos deixa de ser encarado como uma coincidência, leva a uma melhor investigação das lesões secundárias, por vezes rotuladas como metástase.