Área: Doenças Inflamatórias Intestinais
Categoria: Relatos de caso
Forma de Apresentação: Pôster
Objetivo(s): Relatar a estratégia de modificação de dose do Certolizumabe pegol para dose dividida (200mg a cada 2 semanas) em paciente com Doença de Crohn com sintomas ativos em tratamento de manutenção padrão em regime de monoterapia.
Descrição do caso: AMC, 46 anos, 50kg, tabagista, sem outras comorbidades associadas. Iniciou acompanhamento no 30° pós‐operatório de hemicolectomia direita com ileotransverso anastomose por abdome agudo obstrutivo (anátomo patológico: doença de crohn em atividade). Na ocasião fazia uso prévio de mesalazina e infliximabe há 2 anos realizado triagem para terapia biológica e iniciado tratamento com Certolizumabe pegol em monoterapia, na ocasião apresentava PCR 6mg/dL. Após 16 semanas de tratamento, a colonoscopia de controle apresentava lesões ativas em cólon descendente e reto com úlcera de anastomose. Optado pela otimização de dose do Certolizumabe pegol para 200mg a cada duas semanas. Reavaliada após 16 semanas da mudança terapêutica, apresentou melhora clínica dos sintomas e PCR de 3mg/dL. Após 32 semanas do ajuste de dose, mantém melhora dos sintomas, PCR 0,6mg/dL e colonoscopia de controle evidenciando doença inflamatória em remissão.
Discussão e Conclusão(ões): A Doença de Crohn (DC) é uma condição inflamatória crônica que pode afetar qualquer parte do trato gastrointestinal, caracterizada por ulcerações de acometimento focal, assimétrico e transmural. Embora a resposta clínica e a remissão sejam importantes objetivos do tratamento, a cicatrização da mucosa tem se tornando um objetivo terapêutico na prática clínica, pois há evidências acumuladas de que a cicatrização da mucosa está associada à remissão clínica prolongada, aumento do tempo de recaída e redução de complicações graves, como como internação e cirurgia. O Certolizumabe pegol (CZP) é um fragmento Fab de um anticorpo monoclonal humanizado, com ausência da região Fc e peguilado, possui alta afinidade ao fator de necrose tumoral alfa e comprovada no tratamento de adultos com DC moderada a grave. A resposta e a remissão endoscópicas estão associadas a concentrações plasmáticas de CZP mais elevadas em pacientes com DC ileocolônica moderada a grave. A Dosagem de manutenção de CZP 200mg a cada 2 semanas em comparação com CZP 400mg a cada 4 semanas, pode apresentar concentrações plasmáticas superiores. Aumentar o nível sérico pode ser uma opção eficaz para pacientes com DC que podem se beneficiar de maiores concentrações plasmáticas de CZP. O relato de caso demonstrou a possibilidade de uma estratégia terapêutica ao uso do CZP, a divisão de dose em pacientes com sintomas ativos em tratamento de manutenção padrão em monoterapia, pode proporcionar respostas superiores. Os resultados apoiam a necessidade de considerar a individualidade de cada paciente, bem como, o monitoramento terapêutico para otimização do tratamento. Sendo assim, esta pode ser uma estratégia a ser considerada antes da mudança terapêutica para outro medicamento, ou considerar a falha primária ao tratamento.