Introdução: A esquistossomose é uma parasitose causada por vermes do gênero Schistosoma. Há, aproximadamente, 150 milhões de infectados no mundo, cinco milhões só no Brasil. A esquistossomose intestinal pode levar a dor abdominal, diarreia e sangramento nas fezes. Hepatoesplenomegalia é comum em casos avançados e, frequentemente, está associada a ascite e hipertensão portal.
Descrição do caso: Paciente masculino de 53 anos, com emagrecimento, alteração do hábito intestinal e enterorragia, diagnosticado com tumor de reto alto, submetido a retossigmoidectomia e anastomose primária com grampeador. Na análise histopatológica foram evidenciados ovos de Schistosoma mansoni em anéis anastomóticos. Foi feita, portanto, investigação clínica e radiológica e não foram encontradas alterações hepáticas, renais ou cardiovasculares. O paciente foi encaminhado à oncologia e iniciou quimioterapia adjuvante sem tratamento para a parasitose. Após o término do tratamento oncológico adjuvante, retornou à proctologia e foi encaminhado ao serviço de doenças infectoparasitárias. Apesar de assintomático, foi feito tratamento com praziquantel por tratar‐se de um caso confirmado de esquistossomose em um paciente submetido a tratamento quimioterápico e, portanto, passível de apresentar comprometimento imunológico que causaria uma evolução desfavorável da doença.
Discussão: Os pacientes diagnosticados com neoplasia maligna de reto podem apresentar sintomas tais como dor abdominal, alteração do hábito intestinal, sangramento nas fezes e emagrecimento. Neste caso, além da sintomatologia descrita anteriormente, foi evidenciada tumoração de reto em exame endoscópico, com diagnóstico confirmado por biópsia. Todavia, a esquistossomose intestinal também poderia justificar a existência dos mesmos sintomas.
Conclusão: Não se pode negligenciar a existência de portadores assintomáticos do Schistosoma, embora pouco usual em áreas não endêmicas, deve‐se estar apto a reconhecer e tratar a doença.