Introdução: Muito esforço tem sido feito para aumentar a preservação esfincteriana no tratamento do câncer de reto baixo.
Objetivo: Analisar os resultados do tratamento cirúrgico de pacientes com câncer de reto distal e identificar os desfechos e fatores prognósticos.
Métodos: Pacientes com neoplasia de reto baixo operados com ou sem preservação do esfíncter entre 2005 e 2012 foram retrospectivamente estudados através de base de dados prospectiva. Os seguintes fatores foram analisados e relacionados à sobrevida em cinco anos e recorrência: idade, gênero, presença de linfonodos acometidos, invasão da parede retal e metástases. Pacientes com carcinomatose peritoneal ou doença sistêmica avançada foram excluídos.
Resultados: Foram incluídos 148 pacientes com tumor de reto baixo, 78 do sexo feminino (52,7%), 7,4% pacientes tinham menos de 40 anos, 52,7% entre 41 e 60 anos e 46,6% mais de 60 anos. Neoadjuvância de curso longo foi feita em 86,5% dos pacientes, ressecção abdominoperineal em 58,1% e ressecção anterior baixa com preservação do esfíncter em 41,9%. Quanto à invasão da parede, 34 pacientes (23%) eram T2, 77 (52%), T3 e 15 (10%), T4. Acometimento linfonodal foi observado em 41 (27,7%). Em análise univariada, a quimioterapia neoadjuvante e idade<40 correlacionaram‐se a maior recorrência; estádios avançados (T3 e T4), acometimento linfonodal e baixo grau de diferenciação tumoral correlacionaram‐se com menor sobrevida (p<0,005). Análise multivariada mostrou que tumores indiferenciados (p=0,026) e ressecção abdominoperineal (p=0,009) estavam associados a maior taxa de recorrência. O seguimento médio foi de 32 meses. Sobrevida em cinco anos foi de 58,1%. A estratificação por tipo de cirurgia identificou pior sobrevida em cinco anos nas ressecções abdominoperineais (46,5%), em relação à ressecção anterior baixa (74,2%).
Conclusão: Tipo histológico indiferenciado e ressecção abdominoperineal demonstraram‐se fatores de pior prognóstico em pacientes com câncer retal.