Introdução: O linfoma folicular de origem gastrointestinal é considerado uma doença rara, tipicamente afeta o intestino delgado, representa 1‐3% dos linfomas não Hodgkin gastrointestinais. Apresenta um curso indolente e sobrevida prolongada na maioria dos casos. Não há consenso em relação à estratégia diagnóstica e terapêutica mais profícua.
Objetivo: Relatar dois casos de linfoma do intestino delgado, em dois doentes com diagnóstico prévio de SII.
Relatos de caso: 1) Paciente de 54 anos, sexo masculino, diagnóstico de SII com alternância obstipação/diarreia. Endoscopia alta e baixa sem alterações de relevo. Considerando a recorrência sintomática, fez‐se uma enteroscopia por cápsula, que evidenciou duas aglomerações de nódulos linfoides, com respectiva localização no duodeno distal e na porção média do intestino delgado. Posteriormente, a endoscopia alta, com maior progressão distal, foi repetida e a biópsia obtida diagnosticou linfoma folicular. O paciente em questão tem um período de seguimento de quatro anos, em que a monitoração da lesão tem sido feita através de endoscopia alta, ecoendoscopia, enteroscopia por cápsula e endoscopia de duplo balão. A vigilância apertada, aprimorada pelas várias técnicas diagnósticas, viabilizou uma atitude terapêutica conservadora watch and see pelo centro hematológico de referência. 2) Paciente de 36 anos, sexo masculino, com SII com predomínio de diarreia (SII‐D). A ileocolonoscopia revelou hiperplasia folicular ileal, de provável origem reativa de acordo com o relatório anatomopatológico. Com o objetivo de visualizar o intestino delgado, em toda a sua extensão, fez‐se uma enteroscopia por cápsula, que evidenciou múltiplas aglomerações nodulares nacaradas do jejuno proximal até ao íleon. A enteroscopia de duplo balão confirmou a suspeita de linfoma folicular de origem GI. O paciente foi referenciado para um centro especializado terciário, seguiu‐se o protocolo terapêutico R‐CHOP, com remissão/evolução controlada por enteroscopia por cápsula e endoscopia de duplo balão.