Introdução: A paracoccidioidomicose (PCM) é uma infecção fúngica sistêmica, endêmica em países da América Latina, causada pelo fungo termodimórfico Paracoccidioides brasiliensis. Predomina em homens (90%) entre 30 e 50 anos e está relacionado à área rural. A contaminação ocorre por via inalatória e acomete principalmente os sistemas respiratório, tegumentar e linfático, sendo os pulmões e vias aéreas superiores os locais mais comumente afetados. O comprometimento intestinal é raro.
Descrição do caso: Paciente do sexo masculino, 69 anos, que laborou por muitos anos em madeireiras do Sul do Brasil. Procurou serviço médico devido emagrecimento, sendo submetido a colonoscopia que revelou lesão vegetante com ulceração central e endurada, realizadas biópsias definidas como inflamatórias apesar da revisão de lâmina. Diante de uma tosse crônica em piora, o paciente foi encaminhado ao pneumologista e otorrinolaringologista além da propedêutica abdominal. Foi realizado drenagem maxilar e biópsias que diagnosticam a PCM. Nas tomografias também foram evidenciadas doença pulmonar e hepática. Realizado tratamento medicamentoso durante 3 meses com melhora do quadro clínico. Submetido a nova colonoscopia após 6 meses não sendo mais evidenciado lesão.
Discussão: A PCM apresenta uma variedade de manifestações clínicas. As principais alterações no trato gastrointestinal são encontradas nos segmentos ricos em tecido linfoide, como íleo terminal, apêndice e cólon direito. O acometimento abdominal pode ser oligo ou assintomático e dificilmente é diagnosticado no exame clínico. Os sintomas digestivos mais comuns são cólicas abdominais, diarreia, vômitos, emagrecimento, massa palpável fixa, dor generalizada à palpação do abdome. Os achados radiográficos são inespecíficos e podem ser confundidos com neoplasia, doenças inflamatórias, doenças granulomatosas e linfoma. O padrão‐ouro para o diagnóstico é a identificação do fungo em exame a fresco do escarro ou outro espécime clínico, ou fragmento de biópsia de órgãos supostamente acometidos. O tratamento é de longa duração com o objetivo de controlar os sintomas clínicos e evitar recaídas e deve ser mantido até obtenção dos critérios de cura com base nos parâmetros clínicos, radiológicos e sorológicos.
Conclusão: A PCM nas formas menos usuais é subestimada com frequência, sendo seu reconhecimento essencial para um tratamento adequado.