Objetivo: Avaliar o perfil epidemiológico dos pacientes em tratamento de Doença de Crohn (DC) com manifestação perianal, em acompanhamento em um ambulatório especializado em doença inflamatória intestinal de Campinas – SP.
Método: Foram avaliados prontuários de pacientes portadores de DC em segmento ambulatorial e posteriormente selecionados aqueles com comprovado acometimento perianal. As variáveis analisadas foram: idade, localização e comportamento da doença, terapia atual e prévia e comorbidades associadas.
Resultados: Dos 43 pacientes com DC, 25,5% tinha doença perianal, configurando a amostra final. Destes, 54,5% eram do sexo masculino. A idade média dos pacientes ao diagnóstico foi de 39 anos (±11,1). A média de tempo de diagnóstico foi de 6,25 anos (±6,25). Quanto a localização da doença, 91% tinham doença colônica e os demais, Ileocolônica. A maioria (63,6%) dos pacientes tinha doença de comportamento inflamatório (B1 de Montreal), 18,2% estenosante (B2) e 18,2% com padrão penetrante. Apesar da baixa prevalência do fenótipo penetrante, 30% dos pacientes tinham doença fistulosa perianal. Observamos que apesar do diagnóstico de doença de Crohn, muitos dos pacientes (64%) faziam uso de mesalazina previamente a admissão ao ambulatório, todos eles com manifestações de doença ativa. Atualmente 30% fazem uso de mesalazina tópica associada a imunoterapia, visando melhora dos sintomas perianais. 55% dos pacientes fazem uso de terapia biológica e 9% em uso de azatioprina. 36% dos pacientes fazem uso de antibioticoterapia e terapia com corticosteroides, em preparo para terapia direcionada à DC. Quase metade dos pacientes (45%) já necessitaram intervenção cirúrgica. Quanto a doenças associadas relevantes, um paciente tinha diagnóstico de HIV e hepatite B, mas doenças infecciosas locais não foram a causa do acometimento perianal.
Conclusão: Evidenciamos uma prevalência de doença perianal semelhante aos dados da literatura. Existe maior associação da doença colônica com o acometimento perianal. A maioria dos pacientes necessitou de terapia biológica (anti Fator de Necrose Tumoral) e uma proporção importante dos pacientes já haviam sido submetidos à intervenções cirúrgicas, demonstrando maior severidade de doença. A doença perianal confere gravidade à Doença de Crohn, e o estudo epidemiológico destes pacientes se mostra importante para o maior conhecimento deste grupo de pacientes.