Introdução: A perfuração intestinal é uma ocorrência freqüente nos serviços de emergência, sendo iatrogênica em até 6% dos casos. Trata‐se, na maioria das vezes, de uma complicação técnica de exames diagnósticos como colonoscopia, enema opaco, defecografia, retirada de corpo estranho e até mesmo do uso de enemas aquosos retrógrados (Köneş O et al., 2017). Tradicionalmente, a laparotomia com ostomia foi utilizada para tratar essa complicação. No entanto, técnicas minimamente invasivas, como laparoscopia e reparos endoluminais, estão sendo usadas mais comumente agora (Rai V, Mishra N, 2018).
Relato de caso: Paciente T.S., feminina, 93 anos, apresentou hemorragia digestiva baixa de grande intensidade após esforço evacuatório intenso juntamente com manobras digitais para a evacuação com enemas aquosos retrógrados. Paciente chegou ao serviço de referência com sangramento anal ativo de grande monta, porém sem dor e estável hemodinamicamente. Possuía histórico de constipação de longa data com uso esporádico de laxantes e, as vezes, episódios de uso de enemas. Foi realizada colonoscopia de urgência com achado de grande defeito na mucosa com aspecto de perfuração e sangramento ativo da lesão. Foi optado por tratamento endoscópico com clipes para rafia da lesão e controle de sangramento. Após controle da hemorragia a paciente foi transferida para internamento hospitalar. As imagens da tomografia computadorizada (TC) evidenciaram extenso pneumoretroperitônio. A paciente foi conduzida de forma conservadora com uso de antibióticos e estabilização hemodinâmica, com resolução completa do caso, após 14 dias.
Conclusão: A perfuração de reto por enema aquoso pode ser tratada por colonoscopia, tendo boa evolução, apesar de haver risco de pneumoperitônio.