Introdução: Em colonoscopias terapêuticas, a incidência de perfurações oscila em torno de 5%, seja para a realização de polipectomia, mucosectomia ou mesmo dilatação de anastomoses colorretais. De acordo com o estado clínico do paciente, este tipo de complicação permite diferentes formas de tratamento, desde o conservador até abordagem cirúrgica.
Descrição do caso: Sexo feminino, 63 anos, submetida inicialmente a Retossigmoidectomia com colostomia terminal de urgência devido adenocarcinoma moderadamente diferenciado estadio IIIB. Realizou terapia adjuvante com quimioterapia e radioterapia e após 1 ano de procedimento foi submetida a reconstrução do trânsito intestinal com anastomose mecânica termino‐terminal a 6cm da borda anal e ileostomia de proteção. No seguimento oncológico, realizado colonoscopia 7 meses após cirurgia de reconstrução de trânsito com diagnóstico de estenose ao nível da anastomose colorretal, sendo tratada incialmente com dilatações digital e diante do insucesso realizado dilatações pneumáticas da anastomose estenosada. Durante um dos procedimentos de dilatação pneumática apresentou quadro de dor torácica e cervical com enfisema subcutâneo no exame físico e ausência de sinais de sepse e irritação peritoneal. Tomografia evidenciou pneumomediastino, pneumoretroperitôneo e coleções gasosas nos espaços parafaríngeo, retrofaríngeos e retrolaríngeo. Foi manejada conservadoramente, sendo iniciado antibioticoterapia com ceftriaxona e metronidazol e ao final de 7 dias apresentou remissão completa dos sintomas e regressão do enfisema subcutâneo, recebendo alta sem intercorrências. Os exames de imagem de controle não revelaram alterações.
Discussão: A incidência de estenose anastomótica colorretal encontra‐se entre 4 e 10% sendo a ocorrência de perfuração durante a dilatação pneumática uma das complicações que podem ocorrer após a tentativa de tratamento dessas estenoses. Em pacientes clinicamente estáveis, com bom estar geral e sem sinais de peritonite, o tratamento conservador é a principal opção, apresentando taxa de êxito que pode alcançar 73%.
Conclusão: Pneumomediastino e enfisema subcutâneo são apresentações incomuns deste tipo de complicação e a definição do melhor manejo muitas vezes pode ser um desafio.