Introdução: A polipose adenomatose familiar (PAF) é uma doença hereditária autossômica dominante de Câncer Colorretal (CCR). O presente estudo tem como objetivo: apresentar um relato de caso de polipose adenomatosa familiar, com alteração rara do padrão imunohistoquímico MSH6.
Descrição do caso: O caso refere‐se a paciente E.C.C.C., 36 anos, sexo feminino, com quadro de hematoquezia esporádica há 10 anos, dor abdominal esporádica e perda ponderal de 5kg em 3 anos. Como antecedentes familiares, bisavó com câncer de cólon aos 60 anos, tio avô materno, com câncer de cólon aos 36 anos. Aos exames: colonoscopia é visualizada lesão elevada a 5cm da borda anal; a 16cm da borda anal visualiza‐se lesão vegetante, ocupando toda a circunferência do órgão; em sigmóide foi visualizado inúmeras lesões elevadas, sésseis. No anatomopatológico do reto, verifica‐se adenocarcinoma bem diferenciado, invasivo e ulcerado. Devido a história familiar foi solicitado estudo imuno‐histoquímico, específico para suspeita de Síndrome de Lynch, MLH1, MSH2, MSH6 e PMS2. Foi identificado instabilidade de microssatélite, com variante de significado indeterminado (VUS) no gene MSH6. A variante c.3928G>A em heterozigose no gene MSH6 promove a substituição do aminoácido glutamato na posição 1310 por lisina (p.Glu1310Lys). Está em tratamento neoadjuvante com quimioterapia e radioterapia. Segue sem queixas atuais, em aguardo da terapia neoadjuvante para programação de cirurgia.
Discussão: No presente relato foi identificado instabilidade de microssatélite, com variante de significado indeterminado (VUS) no gene MSH6. A variante c.3928G>A em heterozigose no gene MSH6 promove a substituição do aminoácido glutamato na posição 1310 por lisina (p.Glu1310Lys). Esta variante não foi previamente descrita na literatura e não é encontrada em cerca de 100.000 controles. De acordo com os critérios do Colégio Americano de Genética Médica (ACMG), esta variante apresenta significado clínico indeterminado e, sendo assim, este achado deve ser interpretado com cautela. Variantes patogênicas no gene MSH6 são associadas ao carcinoma colorretal não polipóide hereditário (NHPCC), condição geneticamente determinada de herança autossômica dominante que cursa com risco mais aumentado para o desenvolvimento de câncer colorretal, entre outros.
Conclusão: Como a variante do MSH6 não foi previamente descrita na literatura, apresenta significado clínico indeterminado e, sendo assim, este achado deve ser interpretado com cautela.