Objetivo: Esse estudo tem como objetivo principal estratificar a citologia anal como exame importante na prevenção de neoplasias de canal anal.
Método: Foi desenvolvido um trabalho observacional, transversal. Incluindo pacientes que realizam sexo anal receptivo em ambos os sexos, soropositividade para o HIV, imunossupressão e mulheres com HPV vaginal. Esses pacientes foram submetidos a coleta de citologia anal com escova e introdução da mesma por 4cm em direção ao reto e rotação de 360 graus. A amostra foi encaminhada em lâmina (fixada com álcool) para avaliação em eosina‐hematoxicilina.
Resultados: Foram selecionados 21 pacientes, do total de pacientes, 33.33% eram do sexo feminino e 66.66% do sexo masculino. A média de idade foi de 34.42 anos e ao serem questionados por sintomas perianais e anais, estes apresentaram: 19.01% dor; 23.80% sangramento anal; 38.09% prurido e 57.14% sem queixas. Um questionário pré‐estabelecido foi aplicado, questionados sobre a prática de sexo anal, uso de camisinha no ato sexual e histórico de outras doenças sexualmente transmissíveis fora ao HPV: 33.33% não praticavam sexo anal receptivo e 66.66% praticavam; 71.42% não utilizavam a camisinha e 28.57% utilizavam; 4.76% já tiveram hepatite C, 19.04% sífilis e 28,57% foram diagnosticados com HIV. A média de parceiros sexuais durante a vida foi de 16.57 parceiros/paciente e 15 (71.42%) já haviam sido diagnosticados previamente com HPV. Dentre os que já tiveram HPV: 46.66% trataram com ácido tricloroacético (ATA) 90%, 40.00% realizaram eletrocauterização, 6.66% utilizaram Podofilina 20% e 6.66% não realizaram tratamento. Foi realizado exame físico em todos os pacientes e 11 pacientes apresentaram condiloma à inspeção anal. A citologia anal coletada foi encaminhada para avaliação da patologia e das 21 amostras: 6 apresentavam neoplasia intraepitelial anal de baixo grau; 11 exames sem alterações consideráveis; nenhum exame com neoplasia intraepitelial de alto grau e 4 amostras não foram analisadas por desistência do paciente em continuar com o estudo.
Conclusão: O resultado da citologia anal aplicado nesses pacientes com fatores de risco apresentou 35.29% de positividade para neoplasia intraepitelial anal, um resultado bastante expressivo para uma amostra pequena. Apesar da incidência de carcinoma espinocelular de canal anal e ânus ser baixo (2 casos / 100.000 pessoas), esses métodos preventivos diminuirão o ônus de um tratamento oncológico e aumentarão a expectativa de vida.