Área: Cirurgia Minimamente Invasiva, Novas técnicas cirúrgicas/Avanços Tecnológicos em Cirurgia Colorretal e Pélvicas e Anorretais
Categoria: Relatos de caso
Forma de Apresentação: Pôster
Objetivo(s): O presente estudo objetiva relatar um caso de correção de prolapso retal com bom resultado pela abordagem perineal de Altemeier
Descrição do caso: Paciente do sexo feminino, 76 anos, hipertensa, história longa de prolapso ano‐vaginal, procurou assistência médica ginecológica, sendo realizada histerectomia vaginal e colpocleise. Após intervenções, foi encaminhada ao serviço de proctologia. Em consulta inicial, há 2 anos, apresentou prolapso retal de volume redutível, com aproximadamente 15cm de reto prolapsado. Em virtude da dificuldade de liberação risco cirúrgico cardiológico, foi considerada a retossigmoidectomia perineal (Altemeier). O procedimento cirúrgico eletivo foi programado para o corrente ano, por decisão da paciente. Com o paciente sob raquianestesia, a parede retal foi incisada em toda a sua espessura, através do uso de pinça de energia especial LigaSure, sendo possível realizar a secção completa sem ligadura e sangramento mínimo. O reto prolapsado foi ressecado em aproximadamente 30cm e posteriormente criado uma anastomose colo‐anal por sutura manual com pontos separados de Vicryl 3.0 em camada total. A alta deu‐se no 3° dia pós‐operatório e evoluiu sem intercorrências. No seguimento, foi observada incontinência anal leve a moderada, sendo encaminhada para tratamento fisioterapêutico complementar com uso de biofeedback e acompanhamento nutricional orientado para dieta constipante. Desde então, a paciente encontra‐se bem e relata melhora da incontinência, apresentando‐a de forma branda.
Discussão e Conclusão(ões): Prolapso retal é a protrusão completa do reto através do ânus. É uma condição pouco comum e estima‐se que ocorra em menos de 0,5% da população. Possui prevalência em crianças e idosos, principalmente mulheres acima de 65 anos. A etiologia é multifatorial, sendo geralmente associada à constipação crônica, multiparidade, lesões perineais, disfunções dos esfíncteres anais e do assoalho pélvico. A apresentação mais comum se dá por tenesmo, incontinência, evacuação incompleta, sangramento e dor retal, correspondendo as principais indicações para correção cirúrgica. A escolha da abordagem cirúrgica depende principalmente da idade e sexo do paciente, estado clínico, extensão do prolapso, comorbidades e preferência do cirurgião. No caso descrito, a abordagem escolhida foi a perineal de Altemeier. Essa abordagem permite rápida recuperação, estresse cirúrgico mínimo e morbidade razoável, em torno de 3 a 35%, porém, uma maior taxa de recorrência, que corresponde à média de 40% em 48 meses, quando comparada a técnica abdominal. Portanto, apesar da experiência clínica mostrar maior recidiva na abordagem perineal, foi escolhida e por permitir a resolutividade do caso com menor morbidade, resguardando a paciente da laparotomia com alta precoce e raqui anestesia. É importante conhecer sobre essa manifestação incomum, atentando a suas possíveis complicações e recorrências a fim de garantir a saúde e o bem‐estar do paciente.