Objetivo: Avaliar a prevalência, o manejo e o desfecho dos casos de hemorragia digestiva baixa (HDB) em um serviço de coloproctologia.
Método: Foi realizado um estudo retrospectivo e quantitativo através da revisão dos prontuários eletrônicos (Tasy) dos pacientes admitidos pelo serviço, via emergência, com CID 10: K92.2 e idade>18 anos, de janeiro de 2015 a dezembro de 2016. Foram excluídos pacientes com dados insuficientes nos prontuários. As variáveis avaliadas foram idade, sexo, comorbidades, procedimentos diagnósticos e terapêuticos, e desfecho.
Resultados: Foram incluídos 65 pacientes. A idade média foi de 78,3 anos, 56,9% do sexo feminino. As comorbidades mais prevalentes foram hipertensão arterial sistêmica (63,07%) e diabetes mellitus (33,84%). O uso de antiagregantes plaquetários foi identificado em 43,08% dos pacientes. O uso de anticoagulantes foi menos comum (4,61% de rivaroxaban e 1,53% de varfarina sódica), assim como de antinflamatórios não esteroidais (3,07%). 60% dos pacientes foram submetidos à endoscopia digestiva alta (EDA) e em 92,3% destes não foram identificados achados relacionados a sangramento. Em 2,56% foi identificada angiodisplasia, em 2,56% úlceras ativas e em 2,56% varizes esofágicas, porém sem sinais de sangramento ativo ou recente. 66,16% dos pacientes também foram submetidos à colonoscopia, sendo identificados divertículos em 81,9% e pólipos colorretais em 34,88%. A origem provável do sangramento foi atribuída a divertículos em 64,61% dos pacientes, à colite inespecífica em 4,61%, à colite isquêmica em 4,61%, à patologia orificial em 4,61% e a polipectomia prévia em 4,61%. 6,15% teve boa resposta ao manejo conservador. Os pacientes com colite receberam, também, antibioticoterapia. Dois pacientes (3,07%) foram submetidos à cirurgia por sangramento associado a choque hipovolêmico, ambos com resolução após o procedimento. Um paciente foi a óbito por choque hipovolêmico refratário às medidas instituídas, perfazendo uma mortalidade de 1,53%.
Conclusão: Os dados levantados nesse estudo são compatíveis com os da literatura existente. A origem mais comum da HDB foi diverticular. A maioria dos pacientes foi submetida à EDA e colonoscopia. Não foi identificada origem alta de sangramento, sugerindo que a EDA deva ser reservada apenas para os casos que possuam indicação precisa da mesma. A quase totalidade dos pacientes respondeu bem ao manejo conservador, sem necessidade de intervenção cirúrgica e houve apenas um caso de óbito.