Área: Doenças malignas e pré‐malignas dos cólons, reto e ânus
Categoria: Pesquisa básica
Forma de Apresentação: Tema Livre (apresentação oral)
Objetivo(s): Descrever as principais estratégias de tratamento e de seguimento dos pacientes com câncer de reto extraperitoneal que apresentam resposta clínica completa após a neoadjuvância nos principais serviços do mundo; e definir um protocolo que possa ser aplicado em um hospital universitário.
Método: Foi realizada uma revisão de literatura com publicações nas bases de dados MEDLINE e Scopus, sobre neoplasia de reto tratada com quimiorradioterapia neoadjuvante e manejados com “watch and wait”, desde janeiro de 1990 até novembro de 2018.
Resultados: Do total de 47 estudos, 22 foram incluídos nessa análise. A definição de resposta clínica completa baseados em exame clínico, endoscópico e RNM de pelve foram usados em 18 estudos. Quatro utilizaram biópsia com resultado negativo; e em dois a biópsia foi facultativa. Os maiores critérios para indicação de neoadjuvância foram o adenocarcinoma de reto médio e distal considerados cT2‐4, N+, M0, estádio II‐III. Tumores T2N0 e risco de amputação de reto ou ressecção distal foram incluídos em quatro estudos. Para o reestadiamento foram citados o toque retal, colonoscopia ou retoscopia, CEA, radiografia de tórax, tomografia de tórax, abdome e pelve, ultrassom endorretal, ressonância magnética de pelve com ou sem sequência de difusão de moléculas de água e o PET‐CT realizados num intervalo que variou entre 4 e 6 semanas após a neoadjuvância. Foram mais utilizados a quimioterapia com o 5‐fluorouracil associado a leucovorin e a capecitabina e a radioterapia de curso longo, com o emprego de 45Gy a 54Gy em 25 a 30 frações. O acompanhamento foi mais rígido nos dois primeiros anos, com visitas médicas e exames mais frequentes; aumentando esse intervalo ao longo do tempo, com período de reavaliação minimamente estabelecido em cinco anos.
Conclusão(ões): Com base no que há de evidência na literatura mundial, nos protocolos adotados pelos estudos avaliados, e na infraestrutura que um hospital universitário oferece, foi montado um protocolo de “watch and wait”. Protocolo: Pacientes com adenocarcinoma de reto extraperitoneal tocável, estádio II‐III ou T2N0 baixos são elegíveis para neoadjuvância com quimioterapia com 5‐FU e leucovorin ou capecitabina na primeira e na última semana de radioterapia na dose total de 54Gy. O reestadiamento é realizado em 12 a 16 semanas com toque retal, retoscopia, tomografia de tórax, abdome e pelve, ressonância de pelve, PET‐CT e CEA. Pacientes com resposta incompleta são encaminhados para cirurgia; com resposta quase completa são reestadiados em 6 semanas e com resposta completa são elegíveis para protocolo de “watch and wait” após esclarecimento sobre essa alternativa de tratamento. Nos primeiros dois anos, esse paciente é acompanhado com exame clínico e CEA trimestral, e tomografia, ressonância e PET‐CT semestral. Do terceiro ao quinto ano, os exames clínicos e CEA são semestrais e a tomografia, ressonância e PET‐CT anuais. Após o quinto ano, todos os exames são anuais. Em caso de recidiva, o paciente é direcionado para a cirurgia.