Introdução: A fissura anal é uma lesão benigna, cujo principal sintoma é a dor anal associado a sangramento anal que se exacerba durante o ato evacuatório e está associada à hipertonia do esfíncter interno do ânus e à redução do fluxo sanguíneo da mucosa. Estudos utilizando manometria anorretal indicam que a presença de hipertonia permanente de repouso é o fator que distingue os pacientes se patologia aguda de crônica, sendo a esfincterotomia lateral o procedimento cirúrgico mais indicado para essa situação clínica.
Objetivo: Avaliar os dados epidemiológicos e manométricos dos pacientes com diagnóstico de fissura anal em pacientes atendidos em um serviço público em Salvador‐BA.
Métodos: Avaliados prontuários de pacientes que tiveram fissura anal como queixa principal para realizarem a manometria anorretal, entre Abril/2015 e Abril/2018.
Resultados: Foram realizadas 33 manometrias para avaliação de fissura anal crônica, sendo analisados 18 casos: 11 pacientes do sexo masculino (61%) e 7 do sexo feminino (39%), com média de 45,8anos de idade. A análise dos resultados manométricos revelou de 77,7% apresentaram aumento da pressão de repouso máxima‐PRM, (14 pacientes) e 16,6% exibiam valores normais. Um paciente apresentou PRM diminuída, assim como redução na pressão de contração, porém este tinha historia de 2 cirurgias orificiais prévias que podem ter íntima relação com tais achados. A pressão de contração máxima esteve elevada em 55,5% dos casos (10 pacientes). O Canal funcional variou de 1 a 4cm, sendo o comprimento de dois centímetros o mais prevalente (7 pacientes). Sensibilidade e capacidade retal estavam preservadas em 78% e 94% dos pacientes analisados, respectivamente. Apenas cinco pacientes apresentavam sinais manométricos sugestivos de anismus (28%) e em 1 paciente não foi possível análise da pressão de expulsão. Observado ainda que 5 pacientes realizaram exame por queixa de constipação, sendo identificado ao exame físico hipertonia em todos eles. Adicionalmente, o reflexo inibitório retoanal estava presente em 17 dos 18 pacientes.
Conclusão: Os resultados corroboram com a literatura, sobre o papel principal da hipertonia do esfíncter interno e também da hipercontratilidade do esfíncter externo na fissura anal crônica, sendo a manometria anorretal um exame importante para avaliação dos esfíncteres. Além dissoo, individualizar o tratamento a ser proposto de acordo com os parâmetros clínicos é peça fundamental na otimização dos resultados finais.