Introdução: O manejo de neoplasias de reto localmente avançadas requer ressecção cirúrgica radical, de modo que ressecções de órgãos adjacentes frequentemente se fazem necessárias especialmente em casos de recidivas locais. Aproximadamente 50% dos pacientes com recorrência pélvica apresentam o tumor restrito a pelve e são potenciais candidatos a excisão cirúrgica, porém essas ressecções são associadas a alta morbidade, em função da necessidade de exérese em monobloco de estruturas adjacentes. Esse vídeo objetiva demonstrar a técnica de reconstrução vaginal com retalho fasciocutâneo de glúteo.
Descrição do caso: Paciente feminina, 45 anos, história de adenocarcinoma mucinoso de reto tratado inicialmente com excisão local. Após‐um ano, evoluiu com recidiva local, submetida a ressecção anterior do reto com excisão total do mesorreto. Quatro anos após‐a primeira cirurgia evoluiu com nova recidiva pélvica, foi então submetida a amputação abdominoperineal do reto. Cerca de um ano após‐o último procedimento apresentou nova recidiva, com acometimento da parede posterior da vagina, foi então submetida a ressecção em monobloco da lesão com a vagina associada a sacrectomia, além de quimioterapia local com oxaliplatina. No mesmo tempo cirúrgico foi feita confecção de neovagina através de retalho fasciocutâneo de glúteo.
Discussão: O principal objetivo do tratamento cirúrgico do câncer de reto é a ressecção em monobloco de toda neoplasia com margens livres. Quando necessária, a ressecção vaginal deve ser empregada e, quando possível, deve ser ofertada a reconstrução perineal concomitante. O caso em questão demonstra os aspectos técnicos da reconstrução vaginal, procedimento já empregado em seis pacientes com neoplasias avançadas em um centro oncológico brasileiro.
Conclusão: A reconstrução vaginal é factível no mesmo tempo operatório e, além de contribuir para a cicatrização perineal, associa‐se a melhoria da autoimagem corporal, assim como possibilita a vida sexual.