Objetivo: Analisar a relação entre a classificação de Montreal e as complicações cirúrgicas em pacientes portadores de doença de Crohn (DC) submetidos ao tratamento cirúrgico em serviço de referência do interior paulista.
Método: Estudo retrospectivo observacional, através da coleta de dados de prontuários dos pacientes acompanhados no ambulatório de doença inflamatória intestinal. Foram incluídos pacientes submetidos a intervenções cirúrgicas nos últimos 10 anos.
Resultados: Foram analisados 37 pacientes, a maior parte (56,7%) do sexo feminino. Complicações cirúrgicas ocorreram em 16 pacientes (43,2%), a mais comum foi a formação de fístulas (81,25%), seguida de abscesso (50%), deiscência de anastomose (18,75%) e sepse de foco abdominal (12,5%). Usou‐se a classificação de Montreal, em relação à idade de diagnóstico (A: “age”), e observaram‐se complicações em 10 pacientes (62,5%) classificados como A2 e cinco (31,25%) como A3. De acordo com a localização da doença (L: “location”), 13 pacientes (81,25%) com doença de localização íleo‐colônica (L3) apresentaram complicações. Por fim, a taxa de complicação foi maior (75%) em pacientes portadores de doença de comportamento penetrante (B3 – B: “behavior”). Em relação à presença de fístulas, que foi a maior complicação, nove pacientes foram classificados como A2, 11 como L3 e 11 como B3. Já cinco pacientes classificados como A2, cinco como B3 e sete como L3 apresentaram a formação de abscesso como complicação.
Conclusão: Notou‐se prevalência da DC no sexo feminino e o número de complicações pós‐operatórias foi elevado, a formação de fístulas foi a complicação mais comum. Em relação à classificação de Montreal, idades mais avançadas ao diagnóstico, localização íleo‐colônica e doença penetrante estão mais relacionadas à ocorrência de complicações.