Objetivo: Avaliar a relação entre a razão de linfonodos acometidos (RLA) e variáveis clínicas e anatomopatológicas em portadores de adenocarcinoma de reto submetidos ou não à quimiorradioterapia neoadjuvante (QRT).
Método: A RLA foi determinada pela divisão do número total de linfonodos dissecados no espécime cirúrgico pelo número de comprometidos. Os doentes foram divididos em dois grupos: com QRT e sem QRT. Em cada grupo foi avaliada a relação entre a RLA e as seguintes variáveis: grau de diferenciação celular, profundidade de invasão na parede retal, invasão angiolinfática/perineural, grau de regressão tumoral e ocorrência de metástases. Avaliou‐se a RLA em pacientes com mais do que 12 linfonodos (RLA>12) ou menos (RLA<12) na peça cirúrgica com a sobrevida global (SG) e sobrevida livre de doença (SLD). Os resultados foram expressos pela média com o respectivo desvio‐padrão. As variáveis qualitativas foram analisadas com o teste exato de Fisher, enquanto as quantitativas pelos testes de Kruskal‐Wallis e Mann‐Whitney. O nível de significância foi de 5%.
Resultados: Foram avaliados 282 pacientes com QRT e 114 sem QRT, entre 1995‐2011. No Grupo QRT, RLA mostrou associação significativa com os tumores mucinosos (p=0,007) e grau de regressão tumoral (p=0,003). Nos dois grupos, a RLA associou‐se com tumores pouco diferenciados (p=0,001 E p=0,02), presença de invasão angiolinfática (p<0,0001 E p=0,01), perineural (p 0,0007 E p=0,02), grau de invasão da parede retal (T3>T2; p<0,0001 E p=0,02); linfonodos comprometidos (p<0,0001 E p<0,01), metástases (p<0,0001 E p<0,01). Nos pacientes com QRT, a RLA<12 associou‐se com a SLD (5,889; IC95% 1,935‐19,687; p=0,018) e a RLA>12 com SLD e SG (17,984; IC95% 5,931‐54,351; p<0,001 e 10,286; IC95% 2,654‐39,854; p=0,007, respectivamente).
Conclusão: A RLA associou‐se a aspectos histológicos de mau prognóstico, independentemente do emprego de QRT. Na ocorrência de menos de 12 linfonodos avaliados, a RLA associou‐se apenas com a SLD.