Área Miscelâneas
Categoria Relatos de caso
Forma de Apresentação Pôster
Objetivo(s) O presente estudo relata caso de paciente submetida à braquiterapia e radioterapia pélvica, cursando com enterite actínica como complicação que ocasionou quadro de abdome agudo obstrutivo. O objetivo foi relatar o caso em literatura, assim como o desfecho clínico‐cirúrgico do paciente.
Descrição do caso Paciente feminina de 72 anos, encaminhada para pronto socorro devido quadro de vômitos e diarreia há 4 meses, com pirose e epigastralgia. Referia perda ponderal de 5kg no período. Evoluiu com parada de evacuação e eliminação de flatos há 3 dias e intensa dor abdominal associada. Possui como antecedente patológico uma amputação de MID em 2006 devido à complicação de doença arterial obstrutiva periférica, e um tumor de colo uterino em 2014, tratado com braquiterapia e radioterapia. Refere como comorbidade diabetes do tipo 2, em uso de metformina. Nega tabagismo e etilismo. Ao exame físico se mostrava descorada, desidratada e taquicárdica. Abdome globoso, distendido, doloroso à palpação em epigástrio e fossa ilíaca direita. TC de tórax, abdome e pelve apontando distensão difusa com nível hidroaéreo em alça de intestino delgado caracterizada até o íleo distal, sem fator obstrutivo evidente. Paciente submetida a laparotomia exploradora, com achado de dois segmentos de íleo distal com pontos de afilamento abruptos a 15 e 20cm da válvula ileocecal. Foi realizada ileotiflectomia com anastomose primária mecânica anisoperistáltica. Resultado de estudo anátomo patológico da peça cirúrgica compatível com enterite ulcerativa com fibrose, edema e hiperemia de parede (actínica).
Discussão O desenvolvimento e a gravidade da enteropatia por radiação estão associados a fatores individuais como cirurgia abdominal ou pélvica prévia, doença inflamatória intestinal, diabetes mellitus, hipertensão e sobretudo, fatores de radioterapia como a dose e a técnica a ser empregada. Para prevenir complicações associadas à radioterapia, estão sendo desenvolvidos agentes radioprotetores (aminofostine, a interleucina‐1 e a dieta enriquecida com glutamina) ou tentativas mecânicas para excluir o intestino do campo de radiação, porém o uso criterioso da radiação é a maneira mais confiável para se evitar lesões posteriores.
Conclusão: O diagnóstico, portanto, deve ser estabelecido pela combinação de características clínicas apropriadas, como história de exposição à radiação e características estabelecidas por estudos endoscópicos, radiológicas ou intraoperatórios. A dor, que pode ser do tipo visceral ou somática profunda, está sempre presente e constitui o sintoma mais significativo para o diagnóstico da obstrução intestinal, além de distensão abdominal e ocasionalmente vômitos.