Área: Doenças Inflamatórias Intestinais
Categoria: Relatos de caso
Forma de Apresentação: Pôster
Objetivo(s): Relatar um caso de fístula entero‐vesical (FEV) como complicação de doença de Crohn em um serviço de referência de Itajaí – SC.
Descrição do caso: F.C.D.J., 33 anos, masculino. Diagnosticado com doença de Crohn há 8 anos, com má aderência ao tratamento. Atendido no ambulatório de doenças inflamatórias intestinais (DII), referiu surgimento de dor abdominal difusa com início há 3 meses, de forte intensidade, apresentando piora nos últimos dias e sem alívio com uso de analgésicos. Nega náuseas ou vômitos. Queixa‐se de perda ponderal de 30kg em 3 meses, associados a inapetência, disúria e poliúria. Nega tabagismo ou etilismo. Ao exame físico: Regular estado geral, prostrado, desidratado e emagrecido. Abdome plano e flácido, com desconforto à palpação difusa, principalmente em quadrante inferior direito. Submetido à tomografia computadorizada (TC) de abdome, a qual evidenciou presença de fístula perianal, interesfincteriana, simples, com origem às 2/3hs e exteriorização no sulco interglúteo. Enterorressonância magnética concluiu DII ativa em íleo distal e terminal, bem como presença de fístula em alça do íleo distal localizada na pequena pelve, drenando para tecido de aspecto inflamatório/coleção com focos gasosos de permeio, medindo cerca de 7,1 x 5,6 x 6,5cm (volume estimado 135mL), que determina estenose e dilatação do ureter direito. A coleção apresenta também aderência com a bexiga, determinando fístula na parede posterior à direita, assim como no reto, à 14cm da margem anal. Ainda, evidenciou‐se ureterohidronefrose à direita. Raio X de tórax sem alterações. Paciente encaminhado ao hospital para tratamento cirúrgico.
Discussão e Conclusão(ões): As fístulas entero‐vesicais são complicações raras da doença de Crohn (DC), possuindo incidência estimada em 2%. Acometem predominantemente o sexo masculino, 75% dos casos, e o quadro clínico cursa com sintomas de pneumatúria, fecalúria e sinais de infecção urinária. A TC é o método de escolha para revelar tais complicações urológicas. O tratamento é realizado com intervenção cirúrgica, preferencialmente, por via laparoscópica. A evolução costuma ser favorável e acompanhada de remissão da doença. A fístula entero‐vesical, apesar de rara em pacientes com DC, é uma complicação que requer diagnóstico e terapia imediata. A abordagem cirúrgica se faz necessária, com posterior controle clínico medicamentoso. A cirurgia ajuda a combater as consequências do trato urinário séptico, induz a remissão sustentada da DII e possui taxas extremamente baixas de recorrência. Portanto, frente a um paciente com tais complicações o tratamento cirúrgico deverá ser sempre considerado em associação ao medicamentoso.