Área: Doenças Anorretais Benignas
Categoria: Relatos de caso
Forma de Apresentação: Pôster
Objetivo(s): Relatar um caso de tratamento de hidradenite supurativa severa de períneo em serviço de referência em Itajaí – SC.
Descrição do caso: E.T.S.M., feminino, 16anos. Diagnosticada e em tratamento há 3 anos para hidradenite supurativa severa em pregas inguinais e região interglútea, foi encaminhada pela dermatologia ao serviço da coloproctologia, quando internada, para exclusão de diagnósticos diferenciais de Doenças Inflamatórias Intestinais e DSTs. Na consulta, paciente relatou hábito intestinal de 4–5x ao dia, consistência 5 na Escala de Bristol, referindo episódios recorrentes de hematoquezia e pus nas fezes. Negou dor pré ou pós evacuatória. Negou etilismo, tabagismo, relatando sedentarismo. Ao exame físico: lesões nodulares, eritematosas e irregulares, com múltiplas fístulas supurativas transdérmicas em regiões inguinal, suprapúbica, perianal e interglútea, de forma coalescente e com secreção purosanguinolenta ativa (Estágio III de Hurley). Nesta consulta foram solicitados exames para exclusão de diagnósticos diferenciais e encaminhamento para avaliar a possibilidade de abordagem cirúrgica das lesões em decorrência da severidade das mesmas. Entre novembro de 2016 e abril de 2017 foram realizadas duas abordagens cirúrgicas, em dois tempos, de debridamento e ressecção de tecidos desvitalizados com avanço de retalho cutâneo, além de instituído tratamento adjuvante com Adalimumabe. Paciente continua em acompanhamento multidisciplinar, apresentando lesões em atividade (Hurley II).
Discussão e Conclusão(ões): A Hidradenite Supurativa (HS) é uma doença cutânea crônica e supurativa, onde seu curso insidioso inicia com nódulos subcutâneos que se rompem e coalescem, formando abscessos dolorosos na derme profunda. Devido ao fato de as regiões de maior acometimento da doença estarem localizadas na virilha e área anogenital ‐ assim como no caso supracitado ‐ a HS possui um impacto substancial na qualidade de vida e sexual de seus portadores. Apesar de as abordagens cirúrgicas removerem quantidades significativas de tecido, não necessariamente atuam impedindo a recorrência da doença. No caso relatado, a abordagem realizada para o tratamento foi multimodal, utilizando associação de terapia medicamentosa com imunobiológico e abordagem cirúrgica através de excisão ampla, a qual está relacionada com menores taxas de recidiva quando comparada à excisão de tecido com peeling eletrocirúrgico (STEEP). A excisão ampla possui melhor taxa de cura, no entanto pode estar associada a um maior risco de complicações. O tempo de fechamento da ferida é proporcionalmente prolongado quanto mais elevado é o estágio de Hurley. Portanto, é recomendável considerar uma abordagem gradual de opções cirúrgicas de menos a mais invasiva. Para HS grave a excisão cirúrgica ampla é recomenda em combinação com terapia adjuvante.