Introdução: O hidroadenoma é uma neoplasia rara, benigna, de linhagem apócrina e que mais comumente acomete a vulva, sendo também documentada em outras áreas como mama, axila, região inguinal e perianal. Acomete principalmente mulheres entre 30 e 60 anos.
Descrição do caso: Paciente do sexo feminino, 47 anos, com queixa de proctalgia importante, principalmente durante as evacuações, associada a episódios de hematoquezia. O exame proctológico evidenciou presença de doença hemorroidária mista, com componente predominantemente externo. Devido a sintomatologia exuberante sem resposta ao tratamento clínico, foi proposta a hemorroidectomia. Ato cirúrgico sem intercorrências e pós‐operatório habitual. O anatomopatológico evidenciou “hemorroidas predominantemente externas+neoplasia anexial com características de hidroadenoma papilar”. Paciente em seguimento ambulatorial sem sinais de recidiva.
Discussão: O hidroadenoma se caracteriza, macroscopicamente, como nódulo dérmico ou subcutâneo solitário, móvel, bem delimitado. A origem em células apócrinas justifica a localização típica anogenital, mas a ocorrência perianal é pouco descrita. Costuma não haver sintomatologia associada, e quando há, são sintomas inespecíficos como prurido, dor, sangramento ou outras secreções. Ao exame histológico, o hidroadenoma consiste em projeções papilares cobertas por duas camadas de células: as células secretoras colunares superiores e uma camada subjacente de células mioepiteliais achatadas. A malignização da doença é rara. A ressecção local da lesão (conservadora, mas completa) é necessária tanto para identificação quanto para o tratamento. Não há descrição de significativas taxas de recidiva no seguimento.
Conclusão: o conhecimento sobre essa patologia é de extrema importância para adequada condução e tranquilização do paciente quanto ao caráter benigno da lesão e seguimento. Não há necessidade de investigações complementares quando feito o diagnóstico correto.