Introdução: Um terço dos pacientes HIV+desenvolve afecções anorretais. Barrett et al. afirmam que se deve ter maior suspeição quanto à soropositividade em pacientes portadores de múltiplas lesões perianais, que costumam cursar com dor, secreção, sangramento e abaulamento anal.
Relato do caso: G.V.S., 20 anos, masculino, cursava com dor anal, hematoquezia e constipação alternada com diarreia. Ao exame, apresentava extensa área eritematosa com múltiplos orifícios em região perianal que se estendia para o sulco interglúteo. A RNM pélvica evidenciava fístula interesfincteriana paramediana esquerda, distava 3cm da margem anocutânea. Tratado empiricamente para as DST mais comuns com azitromicina, ciprofloxacina e penicilina benzatina, teve apenas resposta parcial. O VDRL foi negativo e a sorologia para clamídia foi IgG+. Foi instituída doxiciclina, além de tratamento sistêmico e local para candidíase, sem sucesso. O PPD foi negativo. Feita biópsia da lesão e iniciado tratamento para herpes simples com aciclovir. A sorologia para HIV foi positiva com contagem de CD4+de 50 células/mm3. Com a TARV, houve resolução completa das lesões. A biópsia confirmou herpes simples negativa para tuberculose e neoplasias.
Discussão: A maioria das lesões perianais em pacientes HIV+é polimicrobiana e tem sua etiologia intimamente associada à imunidade desses pacientes. O tratamento empírico, muitas vezes, é ineficaz e a biópsia se torna obrigatória para a terapia adequada. A melhoria da imunidade associada a maiores contagens de CD4+é igualmente importante na resolução das lesões.
Conclusão: Com o início da TARV e o diagnóstico histológico definido é possível a regressão completa de lesões anorretais nos pacientes HIV+.