Introdução: Retocolite ulcerativa (RCU) é uma condição inflamatória crônica que causa inflamação contínua da mucosa do cólon, com padrão ascendente e quadro clínico dependente da extensão da doença. O câncer colorretal (CCR), em longo prazo, é a complicação mais séria da RCU, com um risco aumentado de 2,4 vezes em pacientes do sexo masculino, pancolite e longa evolução de doença. Para prevenção, recomenda‐se colonoscopia de rastreamento e vigilância periódica. Quando a displasia multifocal ou câncer são confirmados, a cirurgia preconizada é a proctocolectomia.
Caso: Masculino, 57 anos, RCU há 31 anos, admitido no pronto‐socorro com febre, hematoquezia, diarreia e abdômen doloroso à palpação profunda em fossa ilíaca esquerda, distensão abdominal e raios X de abdômen sugestivo de obstrução intestinal baixa. Foi submetido a colonoscopia que evidenciou lesão tumoral obstrutiva a 40cm do rebordo anal, porém com biópsia negativa para células malignas. Feito colectomia total com ileostomia terminal e sepultamento do coto retal. Na peça cirúrgica observou‐se lesão tipo lateral spreading tumor que media 10cm em cólon direito e lesão vegetante e estenosante em cólon esquerdo. Anatomopatológico de adenocarcinoma com 14 linfonodos, nenhum metastático. Lesão de cólon direito identificou adenoma viloso.
Discussão: Paciente em questão apresentava risco aumentado de CCR citado acima, concordava com a literatura, que descreve até 18% de risco de desenvolvimento após 30 anos de doença. O paciente não tinha avaliação do cólon direito por apresentar lesão estenosante, foi submetido a colectomia total devido a possíveis lesões sincrônicas, que se confirmou por pólipo adenomatoso avançado em cólon direito. Não foi feita ressecção retal em primeiro momento pelo mau estado geral do paciente e uso de corticoides.
Conclusão: Em geral, a colonoscopia é indicada no rastreio do CCR de pacientes com RCU a cada 2‐3 anos após oito anos de doença. A colectomia total é fundamental pelo alto índice de lesões sincrônicas.