Introdução: O tumor de células granulares (TCG) é uma neoplasia rara, benigna, que pode ocorrer em diversos órgãos. Cerca de 5 a 11% dos casos ocorrem no trato gastrointestinal, sendo 1/3 deles no esôfago e sua presença no cólon é incomum. Foi descrito primariamente em 1926 por Abrikossoff a partir de 05 casos com ocorrência na língua.
Descrição do caso: Paciente do sexo masculino, 50 anos, procurou atendimento coloproctológico com queixa de nódulo em região perianal e drenagem de secreção purulenta. No exame físico foi constatada a presença de fístula perianal, no entanto, devido as orientações de rastreamento de câncer colorretal, foi solicitado uma colonoscopia para o paciente antes da cirurgia. Neste exame houve a detecção de dois pólipos, correspondendo o pólipo de ascendente a um TCG. Optado por ressecção endoscópica que ocorreu com sucesso.
Discussão: O TCG raramente afeta o trato gastrointestinal. Acredita‐se que seja um tumor de origem neural, das células de Schwann, principalmente pela sua positividade para proteína S‐100. No TGI geralmente o tumor afeta a submucosa, tendo mucosa normal, por isso a biópsia endoscópica não é a melhor opção para diagnóstico, ficando como padrão ouro a excisão completa da lesão. Frequentemente a lesão é assintomática e seu achado é incidental. A maioria das lesões tem entre 1 e 2cm de diâmetro. Por se tratar de uma patologia benigna a excisão endoscópica costuma ser o tratamento de escolha, no entanto, lesões com diâmetro superior são candidatas a colectomia pelo risco de malignidade – descrita em 2,0 a 4,3% dos casos – e metástases. O diagnóstico histológico é dado pelas células poligonais ou fusiformes com nucleo pequeno e centralizado, citoplasma eosinofilico abundante e dispostas em ninhos separados por faixas de tecido conjuntivo. As células estão bem agrupadas, os nódulos do tumor bem individualizados, mas não há cápsula. Os marcadores neurais proteina S‐100 ou NSE uniformemente expresso também sugerem o diagnóstico.
Conclusão: O TCG apesar de ser uma lesão frequentemente benigna, não deve ser negligenciada devido ao potencial de malignidade e metástases. Na suspeição o endoscopista deve se esforçar pela ressecção completa que permite melhor diagnóstico histológico do que a biópsia simples.