Introdução: O cordoma é uma neoplasia maligna da medula espinhal, localizada preferencialmente no sacro e de baixa prevalência na população geral. Relatamos um caso de cordoma sacral gigante com ressecção multidisciplinar, confecção de colostomia e rotação transperitoneal de retalho com o músculo reto abdominal para a cobertura da ferida sacral.
Descrição do caso: Paciente do sexo masculino com volumosa tumoração sacral com crescimento progressivo há um ano. Ressonância magnética da pelve e tomografia de coluna lombossacra demonstraram lesão de origem óssea com início em S3, sugestiva de cordoma, com abaulamento e deslocamento das estruturas vizinhas, mas sem invasão das mesmas. Foi realizada ressecção cirúrgica multidisciplinar (Neurocirurgia, Coloproctologia e Cirurgia plástica). Devido a grande extensão da lesão, foi programada confecção de retalho para o fechamento da ferida posterior pós ressecção. Foi optado pela rotação transperitoneal de retalho miocutâneo da parede abdominal. Em função do íntimo contato entre o tumor e a parede posterior do reto, preferiu‐se a abordagem abdominossacral para ressecção do tumor após a dissecção do reto. Optou‐se também pela secção do reto ao nível do promontório e confecção de colostomia terminal para evitar contaminação da ferida perineal com o retalho miocutâneo. A evolução pós‐operatória foi satisfatória e o paciente apresentou anestesia perineal transitória, resolvida após 5 dias de pós operatório. Não houve seqüelas motoras. Anatomo‐patológico e imuno‐histoquímica confirmaram o diagnóstico de cordoma e demonstraram margens de ressecção exíguas. Foi indicado resgate com radioterapia. Seis meses após a ressecção, paciente apresentou recidiva local.
Discussão: O cordoma é uma neoplasia de crescimento lento, mas com comportamento localmente agressivo, dificultando muitas vezes sua ressecção devido a proximidade com estruturas nobres como os nervos da cauda eqüina e o reto. Muitas vezes apresenta‐se como tumoração sacral muito volumosa, sendo necessárias ressecções mais extensas, comprometendo assim o fechamento primário da ferida e necessitando de retalhos ou enxertos para a adequada cicatrização. Por este motivo, a abordagem multidisciplinar mostra‐se essencial.
Conclusão: Mesmo com ressecções ampliadas e o avanço da radioterapia, a recidiva dos cordomas ainda é freqüente, indicando a necessidade de maior entendimento desta patologia para aprimoramento de suas alternativas terapêuticas.