Introdução: A ressecção endoanal convencional constitui opção terapêutica para adenomas e neoplasias precoces do reto, juntamente com a ESD (Endoscopic Submucosal Dissection) e TEM (Transanal Endoscopic Microsurgery).
Objetivo: Avaliar a eficácia da ressecção endoanal convencional, analisar seus resultados e seu seguimento.
Métodos: Análise retrospectiva dos pacientes com diagnóstico pré‐operatório de adenomas ou adenocarcinomas in situ do reto distal, operados por ressecção endoanal convencional entre 1999 e 2016, com seguimento mínimo de seis meses.
Resultados: No período, foram operados 37 pacientes, 26 (70,3%) do sexo feminino e média de 62,8 (30‐93) anos. O tamanho médio das lesões, à colonoscopia, variou entre 15 e 100mm (média 42mm) e a margem distal se localizava entre a linha pectínea e 70mm (média de 15,5mm). A média de duração da cirurgia foi de 87,1 minutos, não ocorreram complicações intraoperatórias. No pós‐operatório imediato, as complicações cirúrgicas verificadas foram: deiscência parcial da sutura (duas), estenose retal (duas), sangramento (uma), fístula retovaginal (uma) e perfuração do reto (uma). O diagnóstico histológico foi de adenoma em 20 (54%) e de adenocarcinoma em 17 (46%), in situ em 12, adenocarcinoma com invasão de submucosa (T1) em quatro e com invasão de muscular própria (T2) em um. No seguimento tardio, colonoscopia evidenciou recidiva do adenoma em 24,3% dos pacientes, foi feita ressecção endoscópica em seis e nova ressecção endoanal nos outros três. Dois doentes com adenocarcinoma T1 apresentaram recidiva do câncer no reto, foram submetidos à amputação abdominoperineal. No paciente com adenocarcinoma T2, foram indicadas radio e quimioterapia, porém evoluiu para óbito por sepse pulmonar antes de iniciar o tratamento.
Conclusão: A ressecção endoanal convencional apresentou baixo índice de complicações. Apesar de a recidiva local do adenoma ser relativamente frequente, pode ser tratada por ressecção endoanal ou endoscópica, na maioria dos casos.