Introdução: A imunodeficiência comum variável (ICV) é mais comum em pacientes adultos jovens e se caracteriza pela deficiência de anticorpos. Predispõe ao surgimento de infecções recorrentes, alergia, autoimunidade e doenças malignas. Sua associação com doença inflamatória intestinal pode ocorrer em 4 a 12% dos pacientes.
Descrição do caso: Sexo feminino, 16 anos. Diagnóstico prévio de trissomia do 4p e ICV aos 11 anos, em reposição de imunoglobulina. Iniciou diarreia, 15 episódios diários, com sangue e muco, associada à dor periumbilical, de moderada intensidade. Ao exame: bom estado geral, corada, hidratada e emagrecida (IMC: 11,2kg/m2). Hemodinamicamente estável. Abdômen flácido, indolor e sem massas palpáveis. Presença de sangue ao toque retal. História prévia de episódios diarreicos intermitentes, havia três anos, quando fez colonoscopia, que evidenciou pancolite moderada. Estava em tratamento para retocolite ulcerática (RCU) com sulfassalazina e prednisona, sem melhoria completa. Exames laboratoriais evidenciaram anemia leve, leucocitose, sem desvios e trombocitose. Provas de atividade inflamatória negativas. Albumina: 4,11g/dL, proteínas totais: 5,98g/dL. Nova colonoscopia evidenciou pancolite moderada a grave, sugestiva de RCU em atividade. Optou‐se pelo desmame do corticoide e tratamento nutricional em regime hospitalar associado a azatioprina, ciprofloxacino, metronidazol e sulfassalazina. Evoluiu com recuperação clínica e endoscópica. Recebeu alta com programação de início de terapia anti‐TNF.
Discussão: O diagnóstico da ICV é baseado na redução dos níveis de anticorpos, resposta deficiente à imunização e predisposição às infecções. Afeta igualmente homens e mulheres, pode se manifestar, mais raramente, na infância. A etiologia permanece obscura, porém pode estar associada à RCU e outras doenças autoimunes. O tratamento é feito através da reposição de imonuglobulinas.
Conclusão: A ICV pode estar a associada a RCU, que se apresenta de forma habitual e deve ter o tratamento prontamente instituído.