Área: Doenças Inflamatórias Intestinais
Categoria: Relatos de caso
Forma de Apresentação: Pôster
Objetivo(s): Verificar a relação entre a retocolite ulcerativa (RCU), Colangite Esclerosante Primária(CEP) e neosplasia de vias biliares.
Descrição do caso: Paciente masculino, 31anos, portador de RCU desde 2010. Em 2018 estava em uso de mesalazina 3,2 gramas/dia, azatioprina 2mg/kg/dia, e adalimumabe 40mg a cada duas semanas; colonoscopia com atividade ileocolônica e estenose da válvula íleocecal (Mayo 03); calprotectina 90 mcg/g; proteína C reativa não reagente. Em 2019 evoluiu com aumento da calprotectina para 725 mcg/g, cursou com quadro de icterícia de padrão obstrutivo (bilirrubina direta 7,2mg/dL) e aumento das enzimas canaliculares. Foi internado no Hospital de referência para investigação diagnóstica. Estava mantendo atividade moderada da Doença Inflamtória Intestinal (DII), escore de CHILD B e MELD 18. Realizada RNM do abdome superior com contraste venoso e colangiorressonância em janeiro de 2019, com achados compatíveis com CEP, além de uma imagem polipoide em colédoco proximal, em torno de 01cm abaixo da confluência dos hepáticos. Foram suspensas as medicações em uso e iniciado corticoterapia, havendo melhora da atividade clínica da DII. Foi realizada videolaparoscopia em fevereiro 2019, sendo realizada colecistectomia, biópsia hepática, coledocotomia (biópsia de estenose de colédoco e ressecção de pólipo) e drenagem da via biliar com dreno de Kehr. O anátomo patológico revelou ausência de fibrose periductal (biópsia hepática), pólipo fibroso, colecistite crônica, adenocarcinoma de padrão papilar (biópsia de lesão de via biliar). Devido a presença de neoplasia o paciente foi submetido a duodenopancreatectomia por videolaparoscopia em março 2019. No histopatológico verificou‐se que se tratava de um adenocarcinoma invasor multifocal sugestivo de tumor de Klatskin, sem invasão angiolinfática, com exígua margem cirúrgica. Paciente foi de alta hospitalar após 13 dias de pós‐operatório, para seguimento em conjunto com a coloproctologia e oncologia. Programação de adjuvância com capecitabina e possível transplante hepático.
Discussão: Na doença inflamatória intestinal (DII) as manifestações extraintestinais são comuns, e afetam de 5% a 50% dos pacientes. Existe um risco de 5‐7,5% de portadores de RCU desenvolverem CEP, a idade mais prevalente está entre 30 e 50anos e o gênero mais comum é o masculino, compatível com o nosso paciente. Em 20 anos de evolução, a CEP tem risco de 9,5% de desenvolver câncer hepatobiliar. No caso relatado, o quadro neoplásico evoluiu de forma precoce comparado ao que é descrito na literatura. A ressecção cirúrgica é o único tratamento potencialmente curativo para pacientes com colangiocarcinoma.
Conclusão: A investigação e o diagnóstico precoce da CEP são essenciais para prevenir os desfechos mórbidos relacionados a essas patologia. O caso descrito chama a atenção para relação entre essas três doenças quanto as formas de apresentação, investigação e tratamento.